Resumo
Introdução: estudos apontam que os músculos inspiratórios são capazes de limitar o desempenho físico de atletas de modalidades com alta exigência esportiva, o que pode agravar-se ainda mais quando os exercícios de alta intensidade são realizados por atletas de modalidades que utilizam-se prioritariamente dos membros superiores, como o basquetebol em cadeira de rodas (BCR). Assim, tanto os métodos de fortalecimento específico da musculatura do tronco, como o treinamento muscular inspiratório (TMI) se tornam estratégias importantes para o desempenho dos atletas. Objetivo: avaliar os efeitos do TMI associado ao treinamento intervalado sobre a força muscular respiratória e o desempenho físico aeróbio em atletas de alto rendimento de basquetebol em cadeira de rodas. Metodologia: ensaio clínico randomizado e cego no qual foram estudados 17 jogadores de BCR do sexo masculino, os quais foram randomizados em grupo placebo (GP, n=08) e treinamento (GT, n=09). Todos passaram por avaliação da força muscular respiratória, pela medida das pressões respiratórias máximas (PImáx e PEmáx), desempenho físico aeróbio pelo teste Yoyo de 10 metros para cadeirantes e avaliação de recuperação da fadiga muscular inspiratória no 1º, 5º, 10º e 15º minutos após teste de esforço. O GT realizou o TMI de força com carga incremental durante 12 semanas, iniciando o protocolo com carga de treinamento de 50% da PImáx, passando para 60% após a 4ª semana e 70% após a 8ª semana. Já GP realizou o TMI simulado pelo mesmo período de tempo, com protocolo semelhante, diferenciando-se apenas pela intensidade (15% da PImáx durante as 12 semanas). Associado ao TMI foi realizado o treinamento intervalado sistematizado do fundamento “bandeja” do BCR para ambos os grupos. Resultados: para o GP houve aumento significativo nas pressões respiratórias máximas, mas não houve mudança para a distância percorrida. Já no GT houve aumento significativo para todas as variáveis na comparação entre as condições pré e pós intervenção. Referente ao tamanho do efeito do treinamento, para a PImáx, os valores mostraram com grande tamanho de efeito para ambos os grupos, já para a PEmáx os valores apresentados referem-se a médio tamanho do efeito para ambos os grupos e para a distância percorrida os valores apresentaram-se como pequeno para o GP e médio para o GT. Na análise do tempo de recuperação da fadiga muscular inspiratória, o GP não apresentou redução do tempo de recuperação no pós TMI, ou seja, a recuperação ocorreu no 15º, como apresentado na condição pré TMI. No entanto, o GT, na condição pós TMI recuperou os valores no 10º minuto, apresentando melhora referente a condição pré TMI, onde a recuperação ocorreu no 15º. A análise da relação entre PImáx e distância percorrida no teste de esforço, na condição pós TMI, mostrou correlação positiva e significativa, o que não foi observado antes do TMI. Conclusão: os resultados sugerem que o protocolo que utilizou-se de TMI com carga progressiva foi mais eficaz do que o com carga placebo, sendo a melhor estratégia para a melhora do desempenho físico e recuperação da fadiga inspiratória de atletas desta modalidade esportiva.