Efeitos do Treinamento Resistido e Possíveis Alterações no Consumo Máximo de Oxigênio em Crianças de 9 a 12 Anos
Por Guilherme Teodoro de Oliveira (Autor), Leonardo Cazelato (Autor), Emanuelle Bianca Mantovanelli (Autor), Rodrigo Detone Gonçalves (Autor), Sérgio Tumelero (Autor), Carlos Salto Neto (Autor).
Em 40º Simpósio Internacional de Ciências do Esporte SIMPOCE
Resumo
Introdução: Há alguns anos, a relação entre crianças e musculação era vista com certo preconceito e dificultava a inserção de crianças em programas de treinamento desta modalidade, porém, existiam poucas evidências sobre os possíveis efeitos do Treinamento Resistido (TR) em crianças. Acreditava-se que a musculação poderia impedir o crescimento, causar problemas à coluna vertebral, além dos riscos associados a pratica de exercícios com pesos. Com o avanço da ciência, esse cenário mudou de forma considerável e diversos estudos demonstraram resultados positivos em aspectos funcionais e motores de crianças submetidas ao TR, quando orientado e supervisionado de forma adequada para esta população, como o aumento de massa muscular, maior densidade óssea, melhora do desempenho físico, além da ausência de prejuízos para o crescimento e outros riscos associados à prática de musculação. Considerando o TR para crianças um objeto de pesquisa ainda pouco explorado pode ser conveniente observar outras alterações fisiológicas funcionais, como o consumo máximo de oxigênio, que indica a capacidade aeróbia do indivíduo. Assim sendo, investigar os efeitos dos exercícios com pesos em crianças torna-se importante para promover maior interesse desta população em programas de TR e facilitar a prescrição de exercícios desta modalidade.
Objetivo: Avaliar os efeitos de quatro semanas de treinamento resistido sobre a potência muscular de membros superiores e inferiores, além de possíveis alterações no consumo máximo de oxigênio de crianças fisicamente ativas. Material e métodos: A amostra foi composta por onze crianças, do sexo masculino, com idades entre 9 e 12 anos, fisicamente ativas há pelo menos seis meses. Os indivíduos foram separados por conveniência em dois grupos – Grupo Controle (GC) com quatro elementos e Grupo Treinamento (GT) com sete elementos. Os respectivos grupos foram submetidos a testes para avaliar a potência de membros superiores e membros inferiores e sua capacidade aeróbia, através do teste de arremesso da bola medicinal de 2kg, teste de salto horizontal e teste dos 1000m, respectivamente. Os testes ocorreram no início e ao final do período de intervenção, que foi de quatro semanas. O GT foi submetido à quatro semanas de treinamento resistido com frequência de duas sessões semanais. A duração média de cada sessão foi de 45’, compostos por alongamento prévio e pelos exercícios supino reto, leg press horizontal, remada ao peito na polia, cadeira extensora, rosca direta na polia e mesa flexora executados nesta ordem seguidos de alongamento final. Foram realizadas 3 séries de 13 a 15 repetições com intervalo de um minuto entre as séries para cada exercício. A intensidade dos exercícios foi controlada pela percepção subjetiva do esforço, onde em uma escala de 1 a 10, os indivíduos deveriam sugerir o nível 3 de esforço (leve). Os pais e/ou responsáveis dos voluntários assinaram um termo de consentimento livre e esclarecido. Os dados coletados foram analisados estatisticamente (programa GraphPad Prism, através do teste t de Student) a fim de constatar o nível de significância das diferenças obtidas nos testes pré e pós intervenção para ambos os grupos.
Resultados: O GT não apresentou diferenças estatisticamente significantes para potência de membros superiores (p=0,497) e membros inferiores (p=0,726) entre os resultados obtidos antes e após o período de intervenção (Figura 1). Não foram encontradas diferenças nas comparações entre o GT e GC nas avaliações de potência muscular, além de não serem constatadas alterações significativas no consumo máximo de oxigênio tanto no GT (pré: 41,85ml/kg/min; pós: 39,21ml/kg/min), como no GC (pré: 44,50ml/kg/min; pós: 42,13ml/kg/min). Conclusão: As crianças submetidas ao período de intervenção de quatro semanas de treinamento resistido não apresentaram aumento de potência muscular de membros superiores e inferiores, bem como não foram constatadas alterações no consumo máximo de oxigênio.