Resumo

Introdução: Há alguns anos, a relação entre crianças e musculação era vista com certo preconceito e dificultava a inserção de crianças em programas de treinamento desta modalidade, porém, existiam poucas evidências sobre os possíveis efeitos do Treinamento Resistido (TR) em crianças. Acreditava-se que a musculação poderia impedir o crescimento, causar problemas à coluna vertebral, além dos riscos associados a pratica de exercícios com pesos. Com o avanço da ciência, esse cenário mudou de forma considerável e diversos estudos demonstraram resultados positivos em aspectos funcionais e motores de crianças submetidas ao TR, quando orientado e supervisionado de forma adequada para esta população, como o aumento de massa muscular, maior densidade óssea, melhora do desempenho físico, além da ausência de prejuízos para o crescimento e outros riscos associados à prática de musculação. Considerando o TR para crianças um objeto de pesquisa ainda pouco explorado pode ser conveniente observar outras alterações fisiológicas funcionais, como o consumo máximo de oxigênio, que indica a capacidade aeróbia do indivíduo. Assim sendo, investigar os efeitos dos exercícios com pesos em crianças torna-se importante para promover maior interesse desta população em programas de TR e facilitar a prescrição de exercícios desta modalidade.
Objetivo: Avaliar os efeitos de quatro semanas de treinamento resistido sobre a potência muscular de membros superiores e inferiores, além de possíveis alterações no consumo máximo de oxigênio de crianças fisicamente ativas. Material e métodos: A amostra foi composta por onze crianças, do sexo masculino, com idades entre 9 e 12 anos, fisicamente ativas há pelo menos seis meses. Os indivíduos foram separados por conveniência em dois grupos – Grupo Controle (GC) com quatro elementos e Grupo Treinamento (GT) com sete elementos. Os respectivos grupos foram submetidos a testes para avaliar a potência de membros superiores e membros inferiores e sua capacidade aeróbia, através do teste de arremesso da bola medicinal de 2kg, teste de salto horizontal e teste dos 1000m, respectivamente. Os testes ocorreram no início e ao final do período de intervenção, que foi de quatro semanas. O GT foi submetido à quatro semanas de treinamento resistido com frequência de duas sessões semanais. A duração média de cada sessão foi de 45’, compostos por alongamento prévio e pelos exercícios supino reto, leg press horizontal, remada ao peito na polia, cadeira extensora, rosca direta na polia e mesa flexora executados nesta ordem seguidos de alongamento final. Foram realizadas 3 séries de 13 a 15 repetições com intervalo de um minuto entre as séries para cada exercício. A intensidade dos exercícios foi controlada pela percepção subjetiva do esforço, onde em uma escala de 1 a 10, os indivíduos deveriam sugerir o nível 3 de esforço (leve). Os pais e/ou responsáveis dos voluntários assinaram um termo de consentimento livre e esclarecido. Os dados coletados foram analisados estatisticamente (programa GraphPad Prism, através do teste t de Student) a fim de constatar o nível de significância das diferenças obtidas nos testes pré e pós intervenção para ambos os grupos.
Resultados: O GT não apresentou diferenças estatisticamente significantes para potência de membros superiores (p=0,497) e membros inferiores (p=0,726) entre os resultados obtidos antes e após o período de intervenção (Figura 1). Não foram encontradas diferenças nas comparações entre o GT e GC nas avaliações de potência muscular, além de não serem constatadas alterações significativas no consumo máximo de oxigênio tanto no GT (pré: 41,85ml/kg/min; pós: 39,21ml/kg/min), como no GC (pré: 44,50ml/kg/min; pós: 42,13ml/kg/min). Conclusão: As crianças submetidas ao período de intervenção de quatro semanas de treinamento resistido não apresentaram aumento de potência muscular de membros superiores e inferiores, bem como não foram constatadas alterações no consumo máximo de oxigênio. 

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