Resumo

A eficiência mecânica da corrida (Eff) é considerada um preditor de desempenho para essa atividade, pois explica características referentes à biomecânica e ao metabolismo energético do corredor. A resposta dessa variável a partir da intervenção de um treinamento ainda tem sido pouco explorada pela literatura específica. Sabe-se que o treinamento combinado de força com resistência pode influenciar positivamente no desempenho da corrida. Com isso, o objetivo do presente estudo foi comparar as respostas da Eff, economia e desempenho de corrida antes e após a inclusão de um treinamento de força máxima e força rápida de 8 semanas em corredores recreacionais. Foram selecionados 24 corredores recreacionais (19 homens, 5 mulheres), os quais foram divididos em 3 grupos submetidos a um treinamento de 8 semanas. O grupo FM, que adicionou o treinamento de força máxima ao treinamento de resistência (n = 8); grupo FR, que incluiu o treinamento de força rápida além do resistência (n = 9); e o grupo controle (C) que manteve somente o treinamento de resistência (n = 7). Os testes para variáveis biomecânicas e metabólicas foram realizados em uma esteira rolante. Para análise do desempenho, avaliou-se o tempo de prova em um circuito aberto de 5 km (t5km). A Eff foi avaliada em duas intensidades (60 - Eff60% - e 110% - Eff110% da velocidade do VO2máx). A Eff na maior intensidade foi definida de duas formas: assumindo componente anaeróbio (Eff110TOT), e desconsiderando a participação anaeróbia como fonte de energia (Eff110AER). Aplicou-se o teste de Shapiro-Wilk para verificar a normalidade dos dados. Utilizou-se um teste de ANOVA com medidas repetidas 3x2. Para os dados não paramétricos utilizou-se o teste de Friedman. Ocorrendo interação, aplicou-se o teste Post-Hoc de Tukey uma ANOVA One-Way. Em dados não paramétricos utilizou-se o teste Kruskal-Wallys. Além disso, o teste-T pareado foi utilizado para comparação intra grupos antes e após o programa de treinamento, em caso de dados não paramétricos, utilizou-se o teste de Wilcoxon. O tamanho do efeito foi calculado para as principais variáveis de desempenho. O alfa adotado foi de 5%. A Eff não apresentou diferenças significativas em nenhuma das intensidades e métodos calculados entre os grupos após 8 semanas de treinamento (p > 0,05). No entanto, apresentou um tamanho de efeito forte para FR (0,78) e moderado para FM (0,29) na Eff60%. Enquanto isso, tanto para Eff110AER, como para Eff110TOT, ambos os grupos FM e FR apresentaram tamanho de efeito moderado: FM = 0,44 e 0,34, respectivamente; FR = 0,26 e 0,30, respectivamente. O t5km apresentou diminuição significativa pré e pós-treinamento para os grupos FM e FR (p = 0,03 e p = 0,02, respectivamente). Para ECO, FR foi menor do que C (p < 0,01), e o grupo FM diminuiu a ECO após as 8 semanas de treinamento (p = 0,045). Eff não apresentou diferenças significativas nas diferentes intensidades nos grupos submetidos ao treinamento de força, o grupo FR e FM obtiveram um tamanho de efeito moderado-forte nessas respostas, que podem ser explicadas pela otimização de alguns parâmetros biomecânicos e metabólicos. O grupo FM incrementou a intensidade da vVO2máx e mesmo assim manteve o dispêndio metabólico, demonstrando um comportamento positivo na Eff. O grupo FR manteve a intensidade da vVO2máx, porém, otimizou suas variáveis biomecânicas, causando um aumento na potência mecânica, sem a necessidade do acréscimo no dispêndio metabólico. Os resultados provavelmente auxiliaram na melhora significativa apresentada em uma prova de 5 km para os grupos FM e FR após 8 semanas de treinamento.

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