Resumo

Embora diversos trabalhos relatem as alterações fisiológicas que ocorrem em nervos periféricos com a senescência e com o exercício físico, poucos são os relatos morfológicos e quantitativos a respeito do efeito destas duas variantes sobre o nervo vago. O objetivo deste trabalho foi verificar qual a influência do envelhecimento e da atividade física (corrida em esteira) na medida da área total do nervo vago, na área das fibras mielinizadas, na densidade média número/área) de fibras mielinizadas, na espessura da bainha de mielina e na área das fibras não mielinizadas. Para tanto,foram utilizados 15 ratos Wistar, divididos em três grupos: Grupo 1 - Controle, com seis meses; Grupo 2 - Pouco ativos, com 12 meses e Grupo 3 - Ativos, com 12 meses. Todos os animais foram pesados no início do experimento, a cada mês e ao final do experimento. Os animais treinados foram submetidos a protocolo de corrida em esteira, sendo que, ao final de cada mês, era feito um novo teste de esforço máximo, para saber a velocidade máxima alcançada pelos animais, tendo sido utilizadas para o treinamento, velocidades correspondentes a 60 % das velocidades máximas obtidas nos testes de esforço. Os animais deste grupo correram uma hora por dia, durante cinco dias por semana, dos 6 aos 12 meses. Ao final do experimento, após anestesia, cada animal foi eutanasiado e um segmento com cerca de 1,0 cm de comprimento do nervo vago foi retirado. Este foi processado para estudos à microscopia eletrônica de transmissão, segundo técnicas de rotina do laboratório, resultando blocos de Araldite de cada fragmento. De cada bloco, foram feitos cortes semifinos, que foram utilizados para fazer a medida da área total do nervo. Cortes ultrafinos foram examinados ao microscópio eletrônico do Instituto de Ciências Biomédicas da USP (Jeol, JEM 1010). Foram fotografados 20 campos de cada peça, aleatoriamente, ao microscópio eletrônico, com aumento de 3000 X. As imagens foram capturadas em compact disc e, utilizando um sistema de análise de imagem (Axion Vision), foram contadas todas as fibras presentes inteiramente no campo e as que estavam parcialmente presentes nas linhas superior e lateral direita, desprezando as que estavam parcialmente presentes nas linhas inferior e lateral esquerda. Foram também medidas a espessura da bainha de mielina e as áreas das fibras mielinizadas e não mielinizadas inteiramente presentes em cada campo. Os resultados alcançados nos testes de esforço (TEMs) foram sempre maiores no grupo treinado (G3) do que no grupo não treinado (G2). O peso dos animais do grupo 3 foi menor que o do grupo 2. A área do nervo foi mensurada e não apresentou diferença significativa (P>0,05) entre os animais dos grupos 1, 2 e 3. Houve aumento na área das fibras mielinizadas no grupo 2 em relação ao grupo 1, não significante. No grupo 3, este aumento foi menor. Houve discreta redução no número de fibras por área no grupo 2 (não significante), mais acentuada no grupo 3. Detectamos uma tendência de aumento da espessura da bainha no grupo 3, embora sem diferença significante entre as médias (P>0,05). No grupo 2, houve aumento da área das fibras não mielinizadas em relação ao grupo 1 (não significante). No grupo 3, este aumento não ocorreu.

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