Efeitos da Freqüência de Conhecimento de Resultados na Aprendizagem de Diferentes Programas Motores Generalizados
Por Suzete Chiviacowsky (Autor), Go Tani (Autor).
Em Revista Brasileira de Educação Física e Esporte (até 2003 Revista Paulista de Educação Física) v. 11, n 1, 1997. Da página 15 a 26
Resumo
O objetivo deste estudo foi verificar os efeitos da freqüência de conhecimento de resultados (CR) na aprendizagem de tarefas motoras governadas por diferentes programas motores generalizados, em um arranjo de prática randômica. Participaram do estudo 28 estudantes universitários de ambos os sexos, distribuídos em dois grupos de 14 sujeitos, de acordo com as diferentes condições de freqüência de CR. O delineamento experimental abrangeu duas fases: aquisição e transferência. Os dois grupos receberam CR verbal e terminal. Na fase de aquisição, os grupos receberam, respectivamente, CR de 100 e 50% de freqüência relativa, num total de 120 tentativas de prática, 40 para cada tarefa, de forma randômica. Foi aplicada a análise de variância a dois fatores (grupos x blocos), com medidas repetidas no último fator, nas duas fases do estudo, utilizando as médias em blocos de 15 tentativas. Os resultados na fase de transferência não demostraram diferença significante entre os grupos (p > 0,05), permitindo concluir que a redução da freqüência relativa de CR não é prejudicial para a aprendizagem de movimentos pertencentes a diferentes classes ou programas motores generalizados. UNITERMOS: Freqüência de conhecimento de resultados; Programa motor generalizado; Aprendizagem motora. INTRODUÇÃO Uma análise do processo evolutivo das pesquisas na área de aprendizagem motora permite identificar duas fases bastante características. A primeira é aquela que se inicia no final do século passado e se estende até os anos 70, caracterizada por uma abordagem orientada à tarefa ou ao produto. Tal abordagem procurava investigar os efeitos de diferentes variáveis como quantidade de prática, prática massificada ou distribuída, fadiga, motivação, conhecimento de resultados, entre outras, sobre a “performance” de certas tarefas motoras. Nessa abordagem, os pesquisadores não estavam preocupados com os processos ou mecanismos subjacentes à produção do movimento ou com a investigação da forma através da qual uma habilidade motora era adquirida (Kelso, 1982; Manoel, 1995; Tani, 1992). Por volta de 1970, houve uma importante transformação ou mudança de paradigma que foi a troca da abordagem com orientação à tarefa para uma abordagem orientada ao processo (Pew, 1970), como resultado da aplicação da teoria de processamento de informações ao estudo do comportamento motor. Essa nova abordagem, que continua até o presente, procura dar ênfase às operações mentais que acontecem entre o estímulo e a resposta, ou seja, as atividades cognitivas que precedem a ação motora propriamente dita * Escola