Resumo

O objetivo do presente estudo foi verificar os efeitos da freqüência relativa do conhecimento de resultados (CR) na aprendizagem de uma habilidade motora, em crianças de diferentes idades cronológicas. Participaram do experimento 160 crianças nas faixas etárias de sete anos e de 10 anos de idade. O material utilizado foi um alvo circular de 2 m de diâmetro, impresso em pano e afixado no solo, com o seu centro a uma distância de 2 m de um tapume, cuja medida era de 1,60 m de altura por 3 m de largura, colocado de forma a eliminar a informação visual das crianças. O centro do alvo teve o valor 100 e mediu 20 cm de raio; os outros espaços tiveram respectivamente 10 cm a mais de raio, com valores 90, 80, 70, 60, 50, 40, 30, 20, 10 e zero. A tarefa consistiu em arremessar por cima do ombro, com o membro dominante e sem enxergar o alvo, saquinhos de pano contendo feijão, com o objetivo de acertar o centro do alvo. O delineamento experimental abrangeu duas fases: fase de aquisição, envolvendo a aprendizagem da tarefa e fase de transferência, para verificar os efeitos mais permanentes de aprendizagem após 24 horas. As crianças foram distribuídos em oito grupos de 20 crianças, de acordo com a idade e as diferentes condições de freqüência. Os oito grupos receberam CR verbal e terminal. Na fase de aquisição, os grupos receberam CR de acordo com as condições de freqüência que se segue. Os grupos com 10% de freqüência receberam CR após cada tentativa. Os grupos com 66% de freqüência em dois terços das tentativas. Os grupos com 50% de freqüência receberam CR em metade das tentativas. Os grupos com 33% de freqüência receberam CR em um terço das tentativas. A freqüência absoluta foi de 30 CRs. Utilizando as médias em blocos de cinco tentativas, foi aplicada uma análise de variância a três fatores (grupos x idades x blocos), com medidas repetidas no último fator, nas duas fases de estudo. Os resultados na fase de transferência demonstraram uma diferença significante (p < 0,05) a favor dos grupos que praticaram, na fase de aquisição com uma freqüência relativa de 66% de CR. Tal resultado vai de encontro à hipótese da dependência, a qual defende que uma quantidade excessiva de CR pode prejudicar a aprendizagem por não desenvolver o mecanismo de detecção e correção de erros de forma eficiente. Entretanto, freqüências mais baixas de CR (50% e 33%) prejudicaram, comparativamente, a aprendizagem das crianças, mostrando que pouco CR pode dificultar a formação do padrão de referência do movimento correto. Estes resultados possibilitam inferir que pode haver um nível ótimo de freqüência de CR em diferentes fases do desenvolvimento.

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