Resumo
O treinamento desportivo realizado continuamente, sugere estímulos permanentes, proporcionando sucessivas reações e adaptações psicofisiológicas no organismo humano. Essas adaptações são positivas, pois fortalecem o organismo fisicamente e psiquicamente para enfrentar exigências cada vez mais rigorosas. A relação entre estímulo, reações e adaptações do organismo é representada pelo estresse. No entanto, quando o estresse é excessivo tem como consequência o aparecimento do fenônemo do "burnout" nos atletas, definido como uma reação negativa ao estresse físico e psicológico provocado pelos treinos. Contudo, não são muitos os estudos conduzidos sobre o fenômeno, principalmente sob a ótica psicofisiológica. O objetivo principal deste estudo foi analisar os efeitos de uma preparação psicofisiológica (denominada mental na literatura) em nadadores sobre o controle de variáveis tanto psicológicas como fisiológicas que podem ocasionar o aparecimento do "burnout". Nesse sentido, 23 nadadores de ambos os sexos (idade média 16,61 anos) compuseram a amostra do estudo, sendo divididos randomicamente em grupo experimental (tratamento experimental - relaxamento progressivo) e grupo de controle (tratamento placebo). Foram analisadas as variáveis ansiedade-estado através do questionário de Spielberger, nível de cortisol sanguíneo e a performance (testes de 25 e 200 metros) em três momentos (pré, mid e pós-testes) durante sete semanas. Os resultados indicaram não haver diferença estatisticamente significativa em ambos os grupos quanto a variável de performance, sugerindo a necessidade da técnica de relaxamento estar associada a outras técnicas psicofisiológicas para influenciarem nessa variável. Quanto à ansiedade-estado, observou-se que, apesar de não haver uma diferença estatisticamente significativa na sua redução no grupo experimental (tcal = 0,754 < ttab = 1,329), um prolongamento do tratamento poderia determinar resultados mais positivos, sugerindo que esse tipo de trabalho deve ser realizado durante todo o macrociclo anual de treinamentos para otimizar os resultados na redução da ansiedade-estado. Contudo, com relação a redução do nível de cortisol sanguíneo, denotou-se uma diferença estatisticamente significativa no grupo experimental (tcal = 2,421 > ttab = 1,372), fato este não observado no grupo de controle (tcal - 0,798 < ttab = 1,372). Isso demonstra uma evolução do tratamento experimental quanto a redução do nível do cortisol no organismo dos atletas. A partir dos dados discutidos, pode-se concluir que uma técnica de relaxamento denominada mental pode influenciar na redução de variáveis tanto psicológicas (ansiedade-estado) como, principalmente, fisiológicas (cortisol), acarretando uma redução do estresse psicofisiológico e atuando na prevenção e tratamento do "burnout" em atletas.