Efeitos Sinérgicos da Eletroestimulação Auricular Vagal e Treinamento Resistido no Ganho de Força Muscular após Tratamento com Oxaliplatina
Por Marina Rausch (Autor), Rosana Pagano (Autor), Ricardo Aparecido Baptista Nucci (Autor).
Em 47º Simpósio Internacional de Ciências do Esporte SIMPOCE
Resumo
O uso de quimioterápicos à base de platina, como a oxaliplatina (Oxa), é a primeira linha de tratamento para pacientes com câncer colorretal. Contudo, dois eventos adversos bastante incidentes nesse tratamento são a dor neuropática e a perda de massa muscular. A eletroestimulação percutânea auricular vagal (paVNS), que promove efeito anti-inflamatório sistêmico, e o treinamento resistido (TR), que promove reestruturação neuromuscular, são terapias que podem melhorar a qualidade de vida desses pacientes. Objetivo: Analisar os efeitos do TR associado ou não à paVNS em animais inoculados com Oxa. Métodos: Ratos Wistar foram divididos em três grupos experimentais (n=5/grupo): 1) TR + veículo + paVNS sham; 2) TR + Oxa + paVNS sham e 3) TR + Oxa + paVNS ON (CEUA HSL 2023-01). Os animais foram avaliados frente aos fenômenos de hiperalgesia e alodínia mecânica, bem como no teste de carga carregada máxima (TCCM). Animais foram adaptados ao modelo de “escalada de escada”, avaliando a carga inicial individual, bem como a final na 12ª sessão de TR progressivo (em cada sessão, foram realizadas duas escaladas com as seguintes cargas: 50%, 75%, 100%, +35g). O TR teve duração de quatro semanas. Na terceira semana de TR, 1 h após o treinamento, os animais foram anestesiados (isoflurano) e submetidos a primeira sessão de paVNS (20 min, frequência randômica) ou sham. Em seguida, ainda sob anestesia, receberam o primeiro ciclo de Oxa (6 mg/Kg, i.p.) ou solução glicosilada (veículo). No total, foram três ciclos de Oxa/semana/duas semanas (dose cumulativa de 36 mg/kg). Antes de cada ciclo de Oxa, os animais receberam paVNS ON ou paVNS sham. Análise estatística: ANOVA seguido de Tukey, com índice de significância de p<0,05. Resultados: Os ciclos de OXA induziram os fenômenos de dor neuropática [hiperalgesia na pata direita (p=0,0001) e esquerda (p=0,0001) e alodínia na pata direita (p=0,0001) e esquerda (p=0,0001)], e o tratamento com paVNS foi capaz de prevenir esses fenômenos. Com relação ao TCCM, os ciclos de Oxa induziram uma redução significativa de 28% e 20% na carga final em comparação aos demais grupos (p=0,002). Conclusão: Nossos dados nos permitem sugerir que o tratamento com paVNS, antes dos ciclos de Oxa, previne a dor neuropática auxiliando sinergicamente no ganho de força decorrente do TR. A busca por terapias não farmacológicas, como o TR e o paVNS, podem resultar numa melhora da qualidade de vida de pacientes oncológicos, essencial para a continuidade do tratamento antineoplásico e mitigação dos desfechos negativos associados à quimioterapia. Desta forma, novos estudos devem enfatizar na caracterização dos efeitos neuromusculares decorrentes da associação de TR e paVNS durante a quimioterapia.