Efeitos do Treinamento Aeróbio Crônico nas Concentrações de Leptina Plasmática de Rato
Por Fabiana Braga Benatti (Autor), Viviane Polacow (Autor), Fernanda Baeza Scagliusi (Autor), Desire Coelho (Autor), Bruno Gualano (Autor), Antonio Hebert Lancha Junior (Autor).
Em XI Congresso de Educação Física e Ciências do Desporto dos Países de Língua Portuguesa
Resumo
Atualmente a obesidade pode ser considerada uma pandemia. Em vista disso, há
anos cientistas vêm se dedicando aos estudos sobre composição corporal e balanço
energético. Com a identificação do gene ob e do seu receptor, foi descoberta a
leptina, o "hormônio da saciedade". A leptina é secretada, principalmente, pelo
tecido adiposo branco e reflete a quantidade de gordura depositada no tecido adiposo
de um indivíduo. O efeito do treinamento sobre este hormônio ainda não está
muito claro, havendo contradições na literatura sobre sua possível ação na regulação
da secreção da leptina. Este estudo visa a verificação dos efeitos do treinamento
físico aeróbio nas concentrações de leptina plasmática em ratos. Ratos machos Wistar
(n=18) foram divididos em dois grupos de treinamento, com duração de 9 semanas.
O grupo A realizou treinamento aeróbio sub-limiar, em sistema de natação, quatro
vezes por semana, 60 minutos por sessão; o grupo C (controle) não realizou
treinamento. Após a intervenção, foram analisadas as concentrações de leptina e
insulina de jejum, taxa de metabolismo de repouso (TMB) e conteúdo de gordura
corporal (CGC). O teste de tolerância oral à glicose foi realizado antes e após o
treinamento. Resultados: As concentrações de leptina (C: 5,89±2,89; A: 2,58±1,05
ng/mL; p=0,11) e insulina de jejum (C: 12,81±4,23; A: 5,78±1,42 uUI/mL; p=0,004)
foram menores no grupo controle. Não houve diferença na TMB entre grupos. O
CGC foi significativamente menor no grupo treinado (C: 80,33±22,32; A:
51,04±15,22 mg/g; p=0,009). Não houve diferença entre as áreas sob a curva (AUC)
pré-intervenção, porém a AUC pós-intervenção do grupo controle foi maior (C:
9489,0±449,0; A: 8535,0±380,9; p=0,000). Houve alta correlação entre leptina e
insulina (r=0,82; p<0,01) e CGC (r=0,93; p<0,01).Análise de regressão linear simples
mostrou que 86% (p<0,05) da variação da concentração de leptina puderam ser
explicadas pela variação do CGC. No entanto, ao controlar a variável CGC, houve
diferença nas concentrações de leptina entre os grupos (C: 0,07±0,02;A: 0,05±0,01
ng/mL.mg; p=0,008). Desta forma, pode-se concluir que o treinamento provocou
melhoras na tolerância à glicose e sensibilidade à insulina e que, apesar da menor
concentração da leptina plasmática de ratos treinados ser principalmente atribuída à
menor quantidade de gordura corporal destes, houve efeito do treinamento sobre
essas concentrações, sugerindo algum outro tipo de modulação, provavelmente devido
à insulina.