Resumo

Estudos têm avaliado a relação entre asma e obesidade em crianças e adolescentes, entretanto, investigações sobre os efeitos do exercício físico nos parâmetros inflamatórios e o impacto sobre o broncoespasmo induzido pelo exercício (BIE) são limitadas. O objetivo desse estudo foi avaliar os efeitos de 12 semanas de treinamento aeróbio sobre o BIE, parâmetros metabólicos e inflamatórios em adolescentes com excesso de peso. Estudo longitudinal, experimental, comparativo e correlacional composto por 36 adolescentes com excesso de peso, de ambos os gêneros, divididos em três grupos, sendo o grupo 1 = BIE + Exercício (n=12), grupo 2 = Exercício (n=10) e grupo 3 = Controle (n=9). O diagnóstico de asma foi realizado por histórico clínico e questionário ISAAC, e a avaliação pulmonar pelo teste indutor de BIE. Utilizou-se o teste de BIE, considerando positiva a diminuição do volume expiratório forçado no primeiro segundo (VEF1)>10% do valor pré-exercício. Foram realizadas as mensurações pré e pós-teste de VEF1 (30 , 50 , 100 , 150 e 300 ). Calculou-se o percentual da queda máxima do VEF1 em relação ao basal. Realizaram-se mensurações de composição corporal, hemodinâmicas e cardiorrespiratórias no período pré e pós-treinamento. O programa de atividades aeróbias consistiu de 12 semanas de treinamento em natação, ginástica de academia, caminhada terreste e ciclismo indoor. Cada sessão durava 100 minutos, em três vezes na semana e totalizando 36 sessões. Verificouse a normalidade para análise dos dados pelo teste de Shapiro-Wilk. Para comparação dos grupos na fase inicial foram aplicados os teste de ANOVA e Kruskal-Wallis, e na fase de pré e pós-treinamento utilizaram-se os testes de ANOVA para medidas repetidas e ANOVA de Friedman. As medidas de proporções foram analisadas pelo teste de Mcnemar e Q de Cochran. O coeficiente de correlação Tau de Kendall foi aplicado para analisar a relação entre variáveis. O nível de significância foi de p<0,05. Para as características iniciais verificaram-se para o grupo BIE + Exercício menores valores de TMrep (p=0,014) e no Controle baixos valores de FCrep (p=0,003). Para as variáveis espirométricas verificaram-se menores valores para o grupo BIE + Exercício nas variáveis VEF1 (% Predito) (p=0,036), % VEF1/CVF (p=0,002), PFE (% Predito) (p=0,009), FEF25-75% (p=0,013), FEF25-75% (% Predito) (p=0,001), % Queda VEF1 (<0,001) e AAC0-30 (p=0,003). Os efeitos significativos do período de intervenção foram detectados para as variáveis estatura (p<0,001), MG (p=0,034), % MG (p=0,033), % MLG (p=0,033), PCR (p<0,001), TMrep (p=0,018), VO2 (L/min) (p=0,001), VO2 (ml/kg/min) (p=0,003), percepção subjetiva de esforço OMNI (p<0,001), % VEF1 (p=0,034), % Queda VEF1 (p<0,001) e AAC0-30 VEF1 (p<0,001). Os percentuais do índice de melhora da função pulmonar diferiu entre os grupos (p<0,001), tendo maior eficácia para o grupo BIE + Exercício (p=0,002). Os valores de correlações indicaram valores positivos e significativos para a relação entre AAC0-30 e CRP (r= 0,545; p=0,014). O treinamento de 12 semanas com exercícios físicos aeróbios reduziram o BIE e CRP em adolescentes com excesso de peso, apresentando também efeitos positivos sobre a função pulmonar e parâmetros bioquímicos.  

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