Resumo
O treinamento concomitante pode resultar em "overtraining", alteração do balanço anabólico para catabólico, do padrão de recrutamento de unidades motoras, menores ganhos de força, sugerindo que as modalidades de treinamento de hipertrofia e endurance são diferentes, e até mesmo opostas nos aspectos de adaptação muscular, o que poderia inibir ou até mesmo impedir o desenvolvimento muscular. Em vista disso investigamos os efeitos do treinamento concomitante sobre a hipertrofia muscular assim como da suplementação de glutamina. Ratos Wistar machos foram submetidos a um protocolo de treinamento com pesos visando a hipertrofia, realizado numa escada, com carga equivalente a 50% do peso corporal fixa à cauda, e treinamento concomitante, hipertrofia seguido de aeróbio realizado em esteira ergométrica programável, a 65% do VO2 máx, durante cinco semanas. Avaliou-se vinte e quatro horas após a última sessão de exercício no soro dos animais: concentração de creatina quinase (CK), lactato, fator de necrose tumoral alfa (TNF- ) e interleucina 6 (IL-6); no músculo esquelético sóleo: atividade da enzima citrato sintase (CS); no músculo tríceps braquial: expressão do mRNA da proteína desacopladora mitocondrial 3 (UCP-3), conteúdo de cadeias pesadas de miosina (MHC) e área de secção transversa dos quatro principais tipos de fibras musculares (I, IIa, IIx e IIb). Os resultados indicam que os protocolos de treinamento realizados pelos animais não alteram a atividade da enzima citrato sintase no músculo sóleo. O treinamento de força diminui a concentração de TNF- e lactato 24 horas após a última sessão de treinamento. A expressão do mRNA da UCP-3 no músculo tríceps braquial aumenta no grupo que realizou o treinamento concomitante suplementado com glutamina. O treinamento de força resultou em hipertrofia dos quatro principais tipos de fibras musculares (I, IIa, IIx e IIb). Tal resultado não foi observado no grupo concomitante, indicando que no protocolo utilizado o exercício aeróbio inibe a hipertrofia muscular. A concentração de creatina quinase nos grupos concomitante e força suplementados apresentou-se significantemente reduzida (61% e 40%) quando comparada aos respectivos grupos não suplementados. Este resultado indica que a suplementação de glutamina parece proteger o músculo esquelético das lesões induzidas pelo exercício nos dois protocolos de treinamento. Entretanto, apesar de apresentar este efeito protetor na lesão muscular, a suplementação de glutamina prejudicou a hipertrofia muscular visto que os grupos suplementados apresentaram área de secção transversa das fibras musculares, significativamente menores em relação aos respectivos grupos não suplementados. Palavras-chave: treinamento de força; treinamento concomitante; glutamina; hipertrofia; tipos de fibras musculares; MHC; IL-6 O treinamento concomitante pode resultar em "overtraining", alteração do balanço anabólico para catabólico, do padrão de recrutamento de unidades motoras, menores ganhos de força, sugerindo que as modalidades de treinamento de hipertrofia e endurance são diferentes, e até mesmo opostas nos aspectos de adaptação muscular, o que poderia inibir ou até mesmo impedir o desenvolvimento muscular. Em vista disso investigamos os efeitos do treinamento concomitante sobre a hipertrofia muscular assim como da suplementação de glutamina. Ratos Wistar machos foram submetidos a um protocolo de treinamento com pesos visando a hipertrofia, realizado numa escada, com carga equivalente a 50% do peso corporal fixa à cauda, e treinamento concomitante, hipertrofia seguido de aeróbio realizado em esteira ergométrica programável, a 65% do VO2 máx, durante cinco semanas. Avaliou-se vinte e quatro horas após a última sessão de exercício no soro dos animais: concentração de creatina quinase (CK), lactato, fator de necrose tumoral alfa (TNF- ) e interleucina 6 (IL-6); no músculo esquelético sóleo: atividade da enzima citrato sintase (CS); no músculo tríceps braquial: expressão do mRNA da proteína desacopladora mitocondrial 3 (UCP-3), conteúdo de cadeias pesadas de miosina (MHC) e área de secção transversa dos quatro principais tipos de fibras musculares (I, IIa, IIx e IIb). Os resultados indicam que os protocolos de treinamento realizados pelos animais não alteram a atividade da enzima citrato sintase no músculo sóleo. O treinamento de força diminui a concentração de TNF- e lactato 24 horas após a última sessão de treinamento. A expressão do mRNA da UCP-3 no músculo tríceps braquial aumenta no grupo que realizou o treinamento concomitante suplementado com glutamina. O treinamento de força resultou em hipertrofia dos quatro principais tipos de fibras musculares (I, IIa, IIx e IIb). Tal resultado não foi observado no grupo concomitante, indicando que no protocolo utilizado o exercício aeróbio inibe a hipertrofia muscular. A concentração de creatina quinase nos grupos concomitante e força suplementados apresentou-se significantemente reduzida (61% e 40%) quando comparada aos respectivos grupos não suplementados. Este resultado indica que a suplementação de glutamina parece proteger o músculo esquelético das lesões induzidas pelo exercício nos dois protocolos de treinamento. Entretanto, apesar de apresentar este efeito protetor na lesão muscular, a suplementação de glutamina prejudicou a hipertrofia muscular visto que os grupos suplementados apresentaram área de secção transversa das fibras musculares, significativamente menores em relação aos respectivos grupos não suplementados.