Resumo

A administração crônica de esteróides anabólicos androgênicos (EAA) tem sido utilizada de forma indiscriminada para melhorar a performance atlética. No entanto, existem indícios que tal prática pode trazer malefícios ao sistema cardiovascular, favorecendo o acometimento de ocorrências fatais. Por outro lado, evidências científicas relatam que o treinamento físico promove benefícios ao sistema cardiovascular. Dessa forma, o objetivo do presente estudo foi avaliar o efeito do tratamento crônico com EAA associado ao treinamento físico no controle autonômico cardiovascular. Foram avaliados em repouso a freqüência cardíaca, pressão arterial sistólica e diastólica, efeito e tônus vagal, efeito e tônus simpático, freqüência cardíaca intrínseca, sensibilidade barorreflexa (respostas taquicárdica e bradicárdica), variabilidade da freqüência cardíaca, variabilidade da pressão arterial e massa cardíaca. Ratos machos Wistar, pesando aproximadamente 200 g, foram aleatoriamente, divididos em 4 grupos: controle (SC, N=6), sedentário esteróide (SE, N=6), treinado controle (TC, N=7) e treinado esteróide (TE, N=6). O esteróide anabólico decanoato de nandrolona foi administrado subcutaneamente na dose suprafisiológica de (10 mg/kg/semana) nos grupos SE e TE, durante 10 semanas. Neste mesmo período os grupos TC e TE foram submetidos ao protocolo de treinamento físico de natação (60 minutos, 5 vezes/semana) com sobrecarga de 5% do peso corporal. Ao final do protocolo todos os animais foram submetidos a um procedimento cirúrgico para implantação de catéteres na artéria carótida comum e na veia jugular interna, para aquisição de intervalo de pulso e infusão de drogas, respectivamente. O registro direto da pressão pulsátil obtido de ratos acordados foi processado em um sistema de aquisição de dados (CODAS, 2KHz). A sensibilidade barorreflexa foi avaliada através de respostas de taquicardia e bradicardia induzidas por alterações da pressão arterial através da infusão de nitroprussiato de sódio e fenilefrina, respectivamente. Os efeitos simpático, parassimpático e freqüência cardíaca intrínseca foram avaliados a partir do duplo bloqueio dos receptores muscarínicos e adrenérgicos com infusão de atropina e propranolol. A variabilidade da freqüência cardíaca e da pressão arterial foram analisadas no domínio do tempo e da freqüência. Para todas análises estatísticas utilizou-se a significância α = 0.05. Os animais do grupo SE apresentaram reduções nas respostas taquicárdicas (SC: -2,90±0,56; SE: -1,56±0,78; TC: -1,99±0,45; TE: -2,62±0,97 bpm/mmHg) e bradicárdicas (SC: 1,58±0,52; SE: 0,76±0,21; TC: 1,23±0,49; TE: 1,44±0,59 bpm/mmHg), no efeito vagal (SC: 55,26 ± 8,01; SE: 21,19 ± 2,36; TC: 76,09 ± 8,57; TE: 60,64 ± 11,68 bpm) e tônus vagal (SC: 58,15 ± 13,07; SE: 14,37 ± 5,47; TC: 62,01 ± 10,80; TE: 51,98 ± 6,44 bpm), no efeito simpático (SC: 39,05 ± 3,99; SE: 18,27 ± 1,20; TC: 39,88 ± 8,72; TE: 14,04 ± 5,73 bpm) e no índice HF (SC: 75,54 ± 3,8; SE: 55,14 ± 5,08; TC: 70,9 ± 4,38; TE: 74,64 ± 4,23 %) da freqüência cardíaca. Reduções estas que foram evitadas nos animais administrados que participaram do protocolo de treinamento físico, com exceção do efeito simpático. Os resultados sugerem que a administração de decanoato de nandrolona na dose de 10 mg/kg/semana provoca diminuição da atividade vagal cardiovascular. O treinamento físico de natação concomitante a esta terapêutica preveniu tais disfunções.

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