Resumo

O treinamento de força de baixa intensidade com restrição parcial do fluxo sanguíneo (TFR) emergiu como uma alternativa ao treinamento de força tradicional, com intensidades variando entre moderada a alta, principalmente para idosos que possam apresentar alguma limitação ou dificuldade na realização do treinamento mais intenso. Assim, o presente estudo objetivou analisar a efetividade do TFR na modulação dos níveis de força, área de secção transversa muscular (ASTM) e dos diferentes tipos de fibra (ASTF) bem como da quantidade de células satélites (CS) e mionúcleos (MIO) presentes nas células musculares de indivíduos idosos e comparar os ganhos proporcionados por esse treinamento com os ganhos do treinamento de força tradicional. Trinta sujeitos foram alocados de maneira aleatória e balanceada, pela área de secção transversa muscular do quadríceps, nos seguintes grupos: grupo controle (GC), treinamento de força de baixa intensidade com restrição parcial do fluxo sanguíneo (TFR) e treinamento de força de alta intensidade (TFAI). Após 12 semanas de treinamento, realizados duas vezes na semana, com o exercício Leg Press ambos os grupos, TFR e TFAI apresentaram aumentos nos níveis de força muscular (17% P = 0,067 e 54% P < 0,001 respectivamente) e na ASTM do quadríceps (P < 0,001; 6,6% e 7,9% respectivamente). O grupo controle não apresentou nenhuma alteração significativa dessas variáveis. Após o período de intervenção, a ASTF bem como a quantidade de CS e MIO presentes nas fibras musculares não apresentaram alterações estatisticamente significantes para nenhum dos grupos. Entretanto, no grupo controle foi observada uma queda na ASTF (tipo I = -10%; tipo II = -1%) e também na quantidade de CS e MIO presentes nas fibras (CS = -29,2%; MIO = -9,7%). Para o grupo TFR foi observado um aumento na ASTF tipo II de 13%, contudo um decréscimo de 6% na ASTF do tipo I. Na quantidade de CS o grupo TFR apresentou uma queda de 5% enquanto que para quantidade de MIO foi apresentado um acréscimo de 14,6%. Já o grupo TFAI apresentou uma elevação de 15% na ASTF para ambos os tipos de fibra, I e II. A quantidade de CS aumentou em 32,6% enquanto que a quantidade de MIO presente nas fibras musculares aumentou 3,6%. Os achados do presente estudo mostram adaptações similares nos ganhos de força e hipertrofia muscular entre o TFR e o TFAI, sendo ambos efetivos em reverter os efeitos deletérios do envelhecimento nessas variáveis, consolidando assim o TFR como uma possível alternativa ao TFAI. Quanto à modulação da ASTF bem como da quantidade de CS e MIO por fibra muscular, se comparado ao controle, que apresentou queda nos níveis dessas variáveis, ambos os treinos TFR e TFAI foram capazes de retardar o efeito do envelhecimento sobre essas variáveis, sendo o TFAI mais efetivo em modular a ASTF do tipo I e a quantidade de CS por fibra em dozes semanas de treinamento, realizados duas vezes na semana. Já para modulação da quantidade de MIO por fibra, o TFR apresentou uma ligeira vantagem frente ao TFAI. Dessa forma, em nível celular, no que diz respeito à ASTF, CS e MIO ambos os treinos, após 12 semanas com uma frequência de treinamento baixa, parecem capazes de preservar os níveis dessas variáveis frente ao processo de envelhecimento

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