Resumo

A osteoartrose (OA) de joelho é uma das doenças osteomioarticulares mais comuns no mundo, afetando 2693 em cada 100.000 mulheres e 1770 em cada 100.000 homens. Embora o treinamento de força (TF) seja amplamente recomendado para a melhoria das debilidades físicas encontradas em pacientes com OA, o uso de cargas entre 70-85% da força dinâmica máxima (FDM) pode ser limitado não somente pela dor, mas também pela própria etiologia da doença, representando uma limitação para esta prática. O treinamento de força associado à oclusão vascular (TFOV) baseia-se na execução do TF em intensidades entre 20 e 50% da FDM, combinado à oclusão do fluxo sanguíneo através do uso de torniquetes. Estudos têm mostrado que a magnitude das mudanças na força e massa musculares após um período de treinamento com esta técnica é similar as causadas pelo TF de alta intensidade (70-85% FDM) sem adição da oclusão vascular. O objetivo do presente trabalho foi investigar a eficácia da associação da oclusão vascular ao TF como modelo de intervenção não farmacológica para melhoria da dor, força muscular, funcionalidade e qualidade de vida em pacientes diagnosticadas com OA de joelho. Diante disso, 48 participantes mulheres foram randomicamente distribuídas em três grupos: treinamento de força de baixa intensidade (TFB), treinamento de força de alta intensidade (TFA) ou treinamento de força de baixa intensidade associado à oclusão vascular (TFOV) e receberam treinamento duas vezes por semana durante doze semanas. No período basal e após a intervenção, as pacientes passaram por avaliações físicas (testes de funcionalidade e força), responderam questionários de qualidade de vida e de dor (índice WOMAC "Western Ontario and McMaster Universities Osteoarthritis Index" e SF-36 "The Short Form 36 Health Survey") e exame de imagem da área da secção transversa (AST) do músculo quadríceps por meio de tomografia computadorizada. Durante o período de treinamento, quatro pacientes do grupo TFA foram excluídas do protocolo por dor no joelho. Após a intervenção, no WOMAC, apenas os grupos TFOV e TFB apresentaram diminuições significativas na dor (p=0,0358 e p=0,0044, respectivamente), nos demais domínios, o único grupo que apresentou diminuições significativas de escore foi o TFOV (rigidez: p=0,0167 e funcionalidade p=0,0358). Nos testes de funcionalidade, os grupos TFOV e TFA apresentaram aumentos significativos no desempenho do "Timed-stands test" (p=0,0251 e p=0,003), no "Timed-up-and-go" não foram encontradas melhoras significantes nos grupos. Com relação a força, apenas os grupos TFOV e TFA aumentaram significativamente os valores no leg-press (p<0,0001) e na extensão de joelhos (p<0,0001). Comportamento similar foi encontrado no aumento da AST, grupos TFOV e TFA apresentaram aumentos significativos (p<0,0001). A melhora de qualidade de vida foi significante nos três grupos quando analisamos a somatória dos domínios do WOMAC (TFOV: p=0,0173; TFA: p=0,0438; TFB: p=0,0301), porém o SF-36 não foi capaz encontrar melhoras significativas nos grupos. Dessa forma, concluímos que o TFOV apresenta-se como uma estratégia relevante e segura de intervenção não farmacológica para mulheres acometidas por OA sintomática de joelhos, constituindo um modelo de tratamento capaz de induzir adaptações funcionais e morfológicas de grande interesse para esta população

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