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INTRODUÇÃO:

O desempenho no voleibol está relacionado a fatores que se somam, destacando-se as partes técnica, tática e física e psicológica. A correta observação de cada uma dessas variáveis é fundamental para elaboração do treinamento. O voleibol é caracterizado por 6 habilidades que ocorrem em sequência durante o jogo: saque, recepção, levantamento, ataque, bloqueio e defesa, sendo o ataque e o bloqueio as mais determinantes para o sucesso de uma equipe (EOM; SCHUTZ, 1992). A capacidade de realizar saltos verticais é determinante para a eficiência na realização destas habilidades (FORTHOMME et al., 2005). Ao planejar o ciclo anual de treinamento exige-se a adoção de exercícios gerais, específicos e competitivos que forneçam estímulos suficientes para a evolução desportiva dos atletas e avitar a interação negativa das cargas de treinamento no período (GOMES, 2002). Para Newton et al. (2006), as ações determinantes de êxito na modalidade são determinadas pela potência do salto, pela força reativa e pela resistência de força.

Ressalta-se a importância da capacidade aeróbia para diminuição na produção de ácido láctico e para uma recuperação mais eficiente (BOMPA; 2002). Entretanto, deve-se considerar que o treinamento aeróbio e o treinamento de força são concorrentes, melhorando a capacidade aeróbia em detrimento a força (SALE et al. 1990). Esse estudo teve como objetivo mensurar os efeitos do programa de treinamento neuromuscular na capacidade aeróbia e na composição corporal, em atletas de voleibol do sexo feminino.


 METODOLOGIA:

Casuística A amostra foi composta por 11 mulheres, com idade de 19,41 + 2,01 anos, peso corporal de 64,11 + 6,23 kg e estatura de 1,77 + 0,07 metros, atletas profissionais do time de voleibol feminino adulto do município de Piracicaba. Avaliação AntropométricaAferiu-se a estatura, massa corporal (MC) e dobras cutâneas e calculou-se o percentual de gordura (%G), gordura corporal absoluta (GC) e massa magra (MM) (GUEDES; GUEDES, 2003). Avaliação CardiorespiratóriaTeste cardiopulmonar em esteira rolante com protocolo continuo de carga crescente e análise dos gases expirados. Determinou-se o limiar anaeróbio (LA) o consumo máximo de oxigênio (VO2max) ambos expressos em mililitros por quilograma por minuto (ml/kg/min) e a carga do limiar anaeróbio (VLA) em quilômetros por hora (km/h). TreinamentoAs atletas treinaram 5 dias por semana por cerca de 5 horas divididas em em 2 sessões de treinamento. O treinamento de força ocorria no período vespertino (musculação e plimetria) e o treinamento técnico e tático, no noturno.

Não houve rotina de jogos e competições e não foi realizado nenhum treinamento aeróbio tradicional. Análise Estatística dos ResultadosAs variáveis estão demonstradas em média e desvio padrão. Verificou-se a normalidade das variáveis estudadas pelo teste de Shapiro-Wilk. A comparação entre a as variáveis antes e após o período de treinamento foi feita por meio do teste t de Student bicaudal para dados pareados e pelo teste de Wilcoxon para séries ordenadas. O nível de significância adotado foi p<0,05.


 RESULTADOS:

A avaliação cardiorrespiratória mostrou um aumento significante do VO2max (39,65 + 5,29/42,21 + 5,64 - 6,5%), no LA (24,71 + 3,26/29,04 + 4,40 - 17,5%) e na VLA (7,73 + 0,75 /8,91 + 0,16/15,3%). A avaliação antropométrica mostrou alterações significantes na composição corporal, houve uma diminuição do %G (-8,2%) e da GC (-7,4%) e um aumento da MM (3,2%), sem alteração na MC. Os resultados permitem avaliar com ressalvas a adoção de tarefas aeróbias na periodização do treinamento para o voleibol. Embora a aptidão aeróbia tenha relevância na dinâmica do voleibol, a capacidade de realizar saltos verticais é a principal variável relacionada ao rendimento dos jogadores da modalidade (GOMES, 2002; NEWTON et al, 2006; HAKKINEN, 1993). E estudos têm mostrado que durante a temporada, principalmente na fase competitiva, ocorre uma diminuição na força explosiva caracterizada pela diminuição na altura alcançada pelas atletas no salto vertical, possivelmente em razão da interação negativa do treinamento aeróbio (GOMES, 2002; NEWTON et al, 2006; HAKKINEN, 1993). Entretanto, ainda há que se verificar a evolução das atletas ao longo da temporada. Quanto as alterações na composição corporal, o aumento da MM descreve um efeito resultante do treinamento de força realizado (DIAS et al., 2005). A redução da gordura corporal pode ter sido resultado da intensidade e do alto gasto calórico das atividades realizadas na quadra (VIMEIRO-GOMES; RODRIGUES; 2001).


CONCLUSÕES:

Conclui-se que o treinamento realizado promoveu uma melhora da condição cardiorrespiratória demonstrada pelo aumento nos índices de aptidão aeróbia das atletas. Esse resultado foi determinado pela interação entre os treinamentos técnico, tático, de força máxima e força explosiva realizado. Houve também uma melhora na composição corporal das atletas, demonstrada por aumento da MM e diminuição do %G e GC, sem alteração da MC.