Resumo
O envelhecimento está associado ao declínio gradativo das funções dos sistemas muscular, sensorial e nervoso. Alterações no sistema neuromuscular geralmente são expressos pela redução da massa e força muscular, que associados a alterações dos sistemas de controle postural, podem interferir na estabilidade postural e na capacidade em realizar atividades funcionais que são essenciais para a independência, qualidade de vida e bem estar do idoso. A prática de exercício regular têm sido uma das estratégias para minimizar os declínios físicos que acompanham o envelhecimento. O objetivo deste estudo foi analisar a influência de um programa de danças de salão de intensidade baixa/moderada sobre a arquitetura muscular, função muscular, controle postural (estático e dinâmico) e funcionalidade em idosas com diferentes níveis iniciais de força (maior e menor desempenho muscular). Participaram do estudo 47 mulheres com idade entre 60 e 75 anos. Destas, quinze desistiram da participação do programa de danças de salão e foram alocadas para o grupo controle (GC). Para a composição dos grupos experimentais (n=32), as participantes foram classificadas pelo pico de força dos músculos extensores dos membros inferiores (extensores do quadril, joelho e plantiflexores) através do algoritmo de Cluster k-Means, e formados o grupo de maior desempenho muscular (GMAD, n=15) e grupo de menor desempenho muscular (GMED, n=17). As participantes tiveram a arquitetura muscular dos membros inferiores (comprimento do fascículo, ângulo de penação e espessura - ultassonografia), função muscular dos membros inferiores (pico de torque, taxa de desenvolvimento de torque em CVIM, ativação voluntária máxima – CAR), equilíbrio (estático e dinâmico – teste do passo) e funcionalidade (desempenho em testes funcionais e um associado a uma dupla tarefa) analisadas antes (pré) e após o programa de intervenção (pós). O período de intervenção compreendeu 8 semanas, 3 sessões semanais com duração de 60 minutos cada aula. O programa foi composto pelos passos básicos do Bolero (100 BPM), Forró (120 BPM), Valsa (60 BPM) e música Sertaneja (128 BPM). As aulas foram padronizadas, sendo que cada um dos ritmos foi ministrado durante duas semanas. Após o período de intervenção, os resultados mostraram importantes alterações na arquitetura muscular, aumentos na força e na taxa de desenvolvimento de torque, redução da falha de ativação voluntária máxima (CAR), melhorias no equilíbrio estático, no tempo do teste do passo, no desempenho de todos os testes funcionais e no de dupla tarefa nos dois grupos experimentais (GMAD e GMED). As melhorias observadas foram similares entre os grupos experimentais. Com base nos achados do presente estudo, um programa de danças de salão com intensidade baixa/ moderada pode promover importantes melhorias na função muscular, equilíbrio e funcionalidade em idosos.