Resumo
O objetivo desta pesquisa, de delineamento quase-experimental, foi investigar os efeitos de um Programa de Intervenção Motora, em crianças obesas e não-obesas, nos parâmetros motores, nutricionais e psicossociais. A amostra desta pesquisa foi de 78 crianças (38 crianças do grupo interventivo e 40 crianças do grupo controle), com idades de 5 a 7 anos. Para as avaliações das crianças, foram utilizadas a avaliação antropométrica, tendo como referência os padrões do National Center for Health and Statistics; a avaliação motora no teste e em contexto de aprendizagem, por meio do Test of Gross Motor Development-2 (TGMD-2) (ULRICH, 2000); a escala Pictorial Scale of Perceived Competence and Acceptance for Young Children (HARTER; PIKE, 1980); e as categorias descritoras de respostas (RINK, 1996). O programa foi desenvolvido em 28 semanas, implementando os pressupostos da estrutura TARGET à aprendizagem das habilidades motoras básicas. General Linear Model com medidas repetidas no fator tempo foi conduzido para avaliar os efeitos do programa no estado nutricional, no desempenho motor, nos níveis de percepção de competência e nas categorias descritoras de respostas. Análise de variância com medidas repetidas no fator tempo, delta e significância do delta por meio de One Way ANOVA foram utilizadas para avaliar o impacto da intervenção. Os resultados quanto ao estado nutricional do grupo interventivo evidenciaram mudanças significativas no IMC (p = 0,000) da pré para a pós-intervenção. No grupo controle, mudanças significativas não foram encontradas (p = 0,383). No desempenho motor geral, houve diferenças significativas entre os grupos interventivo e controle (p =0,000). As crianças do grupo interventivo apresentaram um aumento de 22 pontos no quociente motor do teste, enquanto que as crianças do grupo controle tiveram um aumento médio de 3,22 pontos. Com relação ao desempenho motor em contexto de aprendizagem motora, mudanças significativas foram encontradas da pré para a pósintervenção, nas crianças obesas (p = 0,000) e não-obesas (p = 0,007). No somatório de percepção de competência, o grupo interventivo mudou significativamente da pré para a pós-intervenção (p = 0,000); ao passo que, no grupo controle, mudanças não foram encontradas do pré para a pós (p = 0,238). Quanto ao engajamento motor de forma apropriada com sucesso na ação motora, mudanças significativas foram encontradas da pré para a pós-intervenção nas crianças obesas (p = 0,000) e nãoobesas (p = 0,000). Conclui-se que a implementação de um Programa de Intervenção Motora, baseado em propostas metodológicas eficazes e condizentes com as necessidades reais das crianças obesas e nãoobesas, promove ganhos nos parâmetros motores, nutricionais e psicossociais que efetivam o engajamento das crianças nas mais variadas práticas motoras.