Resumo

O objetivo do presente estudo foi investigar os efeitos da variação temporal do conhecimento de resultado (CR) na aprendizagem de uma habilidade motora discreta simples. Foi utilizada a tarefa motora de arremessar um saquinho em um alvo circular de 2,0 metros de diâmetro, colocado no chão, a uma distância de 3,60 metros e impossível de ser visto pelos sujeitos. Participaram do estudo 180 crianças de ambos os sexos com idade média de 10,7 anos, divididos aleatoriamente em 6 grupos (A, B, C, D, E e F) de 30 crianças.Utilizou-se um delineamento experimental com três fases. Na primeira, fase de aquisição, os grupos A, B, C, D, E e F realizaram as tentativas e receberam informações, respectivamente, nos intervalos de tempo 0-5, 10-5, 30-5, 5-0, 10-0 e 30-0 segundos, de pré e pós-CR. Nesta fase foram realizadas 90 tentativas. Na segunda fase, a de transferência, os sujeitos executaram dez tentativas sem CR, mantendo o intervalo inter-respostas. A terceira fase, a de retenção, foi realizada sete dias após o término da segunda fase, nas mesmas condições desta.Os dados foram organizados e analisados em blocos de cinco tentativas.Na fase de aquisição, para verificar as diferenças no comportamento entre os grupos e na interação dos grupos e blocos de tentativas, foi aplicada a análise de variância a dois fatores. Foi verificado que não houve diferença significante entre os grupos (F = 1,24), na interação dos grupos e blocos (F = 1,11), testados em nível de 0,05.Estes resultados mostraram que a variação do intervalo pré-CR não afetou a aprendizagem, confirmando as conclusões dos estudos de Lorge & Thorndike (1935), Bourne & Bunderson (1963), Boulter (1964) e Dyal (1964). Por outro lado, os resultados não correspondem às conclusões de Greespoon & Foreman (1956), Bourne (1957), Koch & Dorfman (1979) e Gallagher & Thomas (1980), uma vez que estes estudiosos demonstraram que o decréscimo de tempo na apresentação do CR melhora a performance.Da mesma forma, os resultados mostraram que a variação do intervalo pós CR também não afetou a aprendizagem. Esses resultados estão em conformidade com os estudos de Bilodeau & Bilodeau (1958) e Magill (1977); não concordando com o resultado apresentado por Weinberg, Guy & Tupper (1964), quando concluíram que o intervalo de tempo de um segundo é menos efetivo para a aprendizagem do que intervalos maiores. Embora não houvesse diferenças estatísticas significantes, é importante observar que existiu uma tendência do grupo F a ser superior, particularmente, com relação ao grupo D. Isto pode ser explicado pelo fato do sujeito não conseguir processar todas as informações contidas no CR, devido ao tempo determinado de 5-0 segundo para o grupo D, e, com base nessas informações, executar a próxima tentativa (Magill, 1980). Para o grupo F, o tempo 5 - 30 segundos mostrou-se mais adequado para os sujeitos processarem as informações contidas no CR e planejar a próxima tentativa (Newell & Kennedy, 1978).A análise do comportamento dos grupos indicou a existência de diferenças significantes entre os blocos de tentativas (F = 8,49). O teste de Tuckey detectou diferença significante entre o bloco 1 e os demais, e o último bloco mostrou-se superior aos demais, sendo significantemente superior em relação a 7 blocos dos 18 comparados. Estes resultados evidenciaram o efeito de aprendizagem em todas as condições experimentais.Para as fases de transferência e retenção, foi utilizada a análise de variância a um fator para comparações intergrupos. Os valores obtidos de F = 2,04, para a fase de transferência, e de F = 1,16, para a fase de retenção, mostraram a não existência de diferenças significantes em nível de 0,05, o que indica níveis semelhantes de performance em todos os grupos nestas duas fases.O teste t para amostras relacionadas foi utilizado para verificar se houve diferença entre as fases de transferência e retenção. Os resultados mostraram diferenças significantes nos grupos B, E e F, respectivamente, t = 2,60, t = 3,21 e t = 3,63 em nível de 0,05, evidenciando uma queda na performance desses grupos. Estes resultados, associados a melhoria no desempenho do último bloco de tentativas, colocam dúvidas sobre o número necessário de tentativas, para que haja aprendizagem efetiva nesse tipo de tarefa com crianças, demonstrando a necessidade de maiores estudos nesse sentido.

Acessar