Resumo

Introdução: A maioria dos estudos que investigam os efeitos da caminhada para pacientes pós Acidente Vascular Encefálico (AVE) têm utilizado 150 minutos como tempo de intervenção, apesar da literatura sugerir que os ganhos motores aumentam com a realização de maiores volumes, e das diretrizes recomendarem durações semanais de treinamento variadas. Entretanto, apesar de eficazes, estes protocolos, por demandarem de supervisão profissional próxima e/ou de equipamentos específicos para a prática, nem sempre são viáveis de serem mantidos após o término dos programas de reabilitação. Neste sentido, a efetividade da prescrição de treinamentos de caminhada que possam ser executados em solo, de forma não supervisionada e com diferentes durações semanais recomendadas para AVE, ainda é desconhecida. Objetivo: Comparar a efetividade da prescrição de caminhada não supervisionada, orientada com 150 ou 300 minutos semanais, sobre desempenhos de marcha e mobilidade funcional de indivíduos com AVE crônico. Métodos: Trata-se de um ensaio clínico randomizado no qual, após admissão clínica e testes iniciais, 40 indivíduos com AVE crônico receberam a prescrição de caminhada não supervisionada com duração semanal de 150 (G150) ou 300 minutos (G300). O período e treinamento não supervisionado foi de oito semanas, com avaliações no início e no final (PRÉ e PÓS). Variáveis primárias avaliadas: velocidade confortável (VCONF) de marcha por meio do teste de 10 metros (T10), a distância percorrida no teste de caminhada de seis minutos (TC6) e a mobilidade funcional pelo tempo no teste Timed Up and Go (TUG); como variáveis secundárias foram avaliados o tempo para execução do teste de sentar e levantar cinco vezes (TSL5) e a velocidade máxima de (VMÁX), também pelo T10. Estatística: Utilizou-se o Generalized Estimating Equations (GEE) para comparação das variáveis em função do tempo (PRÉ e PÓS) e dos grupos (G150 e G300) e foi calculado o tamanho de efeito clínico (TDE) pelo d de Cohen; p<0,05. Resultados: Não houve diferença entre os grupos, sendo apenas o fator tempo determinante para melhora de todas as variáveis avaliadas (p<0,001), resultando em TDE grande para VCONF, médio para VMÁX e TSL5 e pequeno para TUG e TC6. Conclusão: A prescrição de caminhada não supervisionada foi efetiva para melhorar a marcha e a mobilidade funcional de indivíduos com AVE, sem diferença entre durações semanais orientadas. Portanto, caminhar 150 minutos por semana pode ser suficiente.

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