Resumo
Considerado como um fator de risco moderno, o comportamento sedentário (CS) é altamente prevalente no mundo e está associado a efeitos deletérios à saúde, influenciando negativamente biomarcadores cardiometabólicos. O sistema de informações e ações na atenção básica ainda é incipiente para orientar sobre os riscos deste comportamento. O objetivo do estudo foi avaliar a efetividade de uma intervenção de educação em saúde sobre o padrão do comportamento sedentário e sobre fatores de risco cardiometabólicos (RCM) nos momentos pré e pós intervenção em usuárias do SUS, no âmbito da atenção básica do município de Londrina (PR). Trata-se de um estudo de intervenção prospectivo, com características de ensaio clínico comunitário não randomizado. A amostra foi composta por mulheres adultas, cadastradas em quatro Unidades Básicas de Saúde da região da cidade. As coletas de dados incluíram antropometria, acelerometria, e análises sanguíneas para perfil cardiometabólico. A intervenção perdurou por oito semanas e se baseou na estratégia de Educação em Saúde, com sessões semanais de 20 minutos para a realização de aconselhamentos, orientações e sugestões práticas para a diminuição e interrupção do comportamento sedentário. O padrão do comportamento sedentário foi determinado por acelerometria e envolveu o tempo dispendido em cinco diferentes comprimentos de bouts (séries) e o número de breaks (interrupções) de cada um destes bouts. Análises por intenção de tratar foram realizadas por equações de estimativas generalizadas. Como resultados, não foram observados efeitos significantes da intervenção sobre o tempo sedentário, o tempo nos diferentes comprimentos de bouts, bem como sobre os breaks das séries sedentárias (P>0,05). Estimativas generalizadas demonstraram uma interação significativa (tempo x grupo) sobre o colesterol favorável ao grupo controle, mas análises de regressão linear revelaram que as alterações nos valores do colesterol não foram associadas às alterações nas variáveis do padrão do comportamento sedentário na amostra geral, bem como nos grupos intervenção e controle. Conclui-se que uma intervenção de curta duração baseada em educação em saúde não foi efetiva para melhorar o padrão do comportamento sedentário e não alterou o perfil dos fatores de risco cardiometabólicos em usuárias da atenção básica. (P>0,05).