Resumo
Introdução: Intervenções com lições fisicamente ativas no ambiente escolar para redução do comportamento sedentário têm apresentado efeitos promissores sobre variáveis de desempenho acadêmico e atividade física de crianças. Entretanto, evidências sobre a efetividade em indicadores comportamentais, sustentabilidade e viabilidade relacionados aos professores são necessárias. Objetivo: Verificar a efetividade e viabilidade de uma intervenção com lições fisicamente ativas para redução do comportamento sedentário em escolares. Métodos: Foi realizado um ensaio clínico controlado com amostragem por cluster com 61 escolares de quatro turmas do 2º ano de uma escola do ensino fundamental de Aracaju/SE. Duas turmas do grupo intervenção (n= 34) receberam atividades dinâmicas atreladas ao conteúdo pedagógico conduzidas pelos professores, durante 2 anos letivos. As turmas do grupo controle (n= 27) continuaram com aulas tradicionais regulares durante o mesmo período. Os indicadores de comportamento sedentário e atividades física foram avaliados por inclinômetros ActivPal e acelerômetros ActiGraph GT3X durante o turno escolar, em cinco momentos. Modelos brutos e ajustados de Equações de Estimativa Generalizada com post hoc de Bonferroni foram utilizados para identificar as diferenças entre os grupos (três avaliações em 2018 e duas avaliações em 2019). Os diferentes professores que conduziram a intervenção com aulas fisicamente ativas no primeiro estudo, em 2018 (n=2) e 2019 (n=2), compuseram a amostra do segundo estudo. Ao final de cada ano letivo, foram realizadas entrevistas semiestruturadas individuais com os professores, onde foram reportados aspectos relacionados a viabilidade e opiniões sobre a intervenção. Análises descritivas foram utilizadas para dados quantitativos, e fases da análise de conteúdo orientadas por Bardin, foram utilizadas para dados qualitativos. Resultados: Ao analisar os efeitos da intervenção, a mesma foi efetiva em reduzir o comportamento estacionário (p=0,01) e aumentar a atividade física leve (p=0,044) dos escolares durante os dois anos de intervenção. No primeiro ano houve redução do tempo em pé (p=0,044) e número de transições (p < 0,001), e aumento do tempo andando (p= 0,017). Todavia, no segundo ano, as diferenças médias relativas foram menores. Observamos alto tamanho de efeito para todas as variáveis analisadas. Nas entrevistas semiestruturadas sobre a viabilidade e opinião sobre a intervenção,os professores do primeiro ano (2018) reportaram a implementação das atividades em 3 dias semanais, com duração de 40 minutos e sem dificuldades. Já os professores do segundo ano reportaram 2 dias semanais de implementação das atividades, com 30 minutos de duração, e um professor reportou dificuldades. Além disso foi observado um maior envolvimento dos professores do primeiro ano, e que a maioria dos comportamentos negativos dos alunos foram observados pelos professores no segundo ano. Professores dos dois anos reportaram a necessidade de mais treinamentos e oficinas para a implementação das lições fisicamente ativas. Conclusões: Intervenções para reduzir o comportamento sedentário em sala de aula podem ser efetivas para indicadores comportamentais de escolares, mas estratégias são necessárias, principalmente concernentes ao professor, para a manutenção dos resultados a longo prazo.