Resumo
A presente dissertação tem como objetivo avaliar a percepção de autoeficácia competitiva de atletas paralímpicos de judô e a percepção do treinador sobre a eficácia competitiva de seus atletas. Participaram da pesquisa 16 atletas com deficiência visual, integrantes da principal Seleção Brasileira Paralímpica de Judô, convocados no primeiro semestre do ano de 2016, de ambos os gêneros (nove homens e sete mulheres), com idades entre 19 e 45 anos (29,52 ± 7,67). Também foi sujeito da pesquisa o treinador da equipe. Todos os participantes responderam a quatro questionários que avaliaram a percepção de eficácia sobre as habilidades psicológicas, físicas, técnicas e táticas dos judocas em dois momentos distintos (janeiro e maio/2016). Os atletas se autoavaliaram, enquanto o treinador, sem saber das respostas dos judocas, respondeu aos instrumentos informando sua percepção sobre cada atleta em cada variável avaliada. Para verificar o grau de concordância entre as avaliações de treinador e atletas foi realizado o cálculo da correlação de Spearman entre os dois momentos de coleta de dados e, para avaliar se houve diferença de percepção de judocas e treinador entre os dois momentos, utilizou-se o teste de Wilcoxon e o cálculo do delta percentual. O nível de significância adotado para todos os cálculos foi de p‹0,05. Os resultados mostraram que, no primeiro momento, houve concordância significativa entre a percepção de treinador e atletas em apenas uma variável (técnicas de luta de solo) investigada através do questionário de habilidades técnicas. Já no segundo momento da coleta de dados as correlações foram ligeiramente mais altas que no primeiro momento, apesar de haver concordância significativa da percepção de treinador e atletas em apenas três variáveis (concentração, potência de golpes e técnicas de pé ou perna). Os cálculos do delta percentual e do teste de Wilcoxon demonstraram que os atletas perceberam melhoras em todas as habilidades investigadas, enquanto o treinador notou melhora somente das habilidades físicas e técnicas. A partir dessas constatações, pode-se considerar que o tempo de treinamento e, por consequente, de relacionamento entre o treinador e os atletas tenha colaborado para uma maior concordância da percepção de ambos sobre a eficácia dos atletas. Entretanto, mesmo com o aumento de concordância, muitas variáveis avaliadas apresentaram diferenças de percepção de eficácia, demonstrando que, apesar do tempo de convivência auxiliar o estreitamento das percepções, ainda se observou divergências entre as percepções de ambos.