Resumo

Introdução: Eficiência é um conceito fundamental para o desempenho no basquetebol. A facilidade de arremessar, favorecida pela posição do aro acima do chão, é contrabalanceada pela habilidade defensiva de restringir as dinâmicas ofensivas, ajudada pela restrição de tempo imposta pelos 24 segundos de posse e pela grande densidade de jogadores perto do aro. As fontes de dados, com maior disponibilidade, sobre o desempenho no jogo são os indicadores de jogo (IJs), normalmente disponíveis por meio do box score. O box score sintetiza os IJs apresentando limitações à compreensão do jogo, visto que são considerados eventos de final de posse de bola e não as ações realizadas até a finalização da posse. De forma complementar, os dados jogada a jogada (jaj) são frequentemente disponibilizados juntamente com o box score e consistem na descrição das ações do jogo na ordem em que ocorreram, gerando informações dinâmicas do jogo. Apesar disso, seu uso não é tão difundido quanto o do box score. O objetivo do estudo é avaliar o desempenho do jogador sintetizado pela sua eficiência, por meio dos IJs presentes na jaj permitindo uma análise dinâmica que não é possível por meio do box score. Métodos: O primeiro passo do estudo foi estruturar como a jaj pode ser explorada. A partir disso, apresentamos uma nova alternativa para o cálculo do índice de eficiência utilizado pela Federação Internacional de Basquetebol (FIBA), propondo correções às falhas apresentadas pelo índice. A nova métrica é chamada Índice de Pontos Produzidos (IPP) e consiste no cálculo da eficiência dos jogadores para cada IJ em função de pontos gerados no jogo médio da liga. O segundo passo foi definir os momentos do jogo de acordo com o tempo e/ou placar (p. ex. momento crítico). Os momentos do jogo são utilizados para dar contexto a avaliação do jogador. Por último, os IJs foram especificados utilizando os dados de jaj (p. ex. assistência para bandeja, rebote após lance livre). Após a definição da estrutura nós investigamos a eficiência dos jogadores de acordo com as três propostas. A amostra foi constituída por jogadores do Novo Basquete Brasil (NBB) na temporada 2018/2019 que alcançaram os seguintes critérios: i) jogar ao menos 130 minutos na temporada; ii) ao menos 10 minutos jogados em cada momento analisado ao longo da temporada (p. ex. momento crítico); iii) ao menos 30 minutos nos respectivos quartos de jogo na temporada. Testes estatísticos apropriados foram utilizados para testar as diferenças entre os cálculos de eficiência para cada comparação realizada. Resultados: O IPP não apresentou diferenças significativas entre o cálculo com dados de box score e de jaj. Entretanto, o IPP apresentou correlações mais homogêneas com os IJs (entre 0.286-0.705) do que as atuais métricas utilizadas. Além disso, a análise demonstrou que o quarto período possui padrões diferentes em relação aos outros quartos, especialmente quanto a faltas. Numa análise mais específica, houve aumento na eficiência de arremesso dos jogadores no final de jogos com pequena diferença no placar. Os jogadores que mais arremessam nesse período possuem melhor eficiência em arremesso do que os outros jogadores, também no momento supercrítico. Outra descoberta foi que situações específicas de rebote (p. ex. após lance livre) não modificam significativamente a eficiência média de rebotes. Por outro lado, a retirada das faltas de ataque ao analisar as faltas cometidas diminui o percentual de faltas para pivôs. Discussão: No geral, o uso dos dados de jaj melhora a compreensão do jogo, apesar de não melhorar o cálculo da eficiência do jogador. A eficiência em situações específicas do jogo calculada a partir dos dados de jaj pode melhorar o desenvolvimento de estratégias para o jogo. Uma abordagem mais ampla da eficiência dos jogadores pode beneficiar a compreensão de jogo de jogadores, técnicos e praticantes.

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