Integra
Para além do imbróglio da disciplina de educação física que, a montante do sistema desportivo, não funciona, o grande problema do desporto nacional tem sido o fetiche das medalhas olímpicas que, salvo uma ou outra exceção, tem arrebatado o espírito e destruído a moral de pessoas que, no movimento desportivo, na administração pública e no governo, têm usufruído do poder. Em consequência, se a montante o potencial de sucesso desportivo sempre esteve estrangulado, a jusante nunca existiu uma ideia simples, clara, precisa e concisa de desenvolvimento que indicasse aos diversos agentes desportivos para onde é que o desporto devia seguir. Quer dizer, o desporto nacional, há muito que não sabe de onde vem, nem para onde ir.
A agravar a situação, o Estado que devia tão só ser um árbitro do processo de desenvolvimento do desporto, limitando-se a criar as melhores condições possíveis para que as diversas organizações desportivas funcionem, pelo contrário, sempre se comportou como um jogador pouco leal, diremos mesmo batoteiro que, em função das conveniências políticas e partidárias, se tem permitido intervir no normal funcionamento democrático das organizações desportivas.
O desporto em Portugal está completamente viciado naquilo que de pior a política tem desde logo porque os diversos governos e oposições não se têm sabido comportar. Mas o Comité Olímpico de Portugal (COP) também não se tem dado ao respeito. Porque, enquanto guardião dos valores do Olimpismo, não tem promovido uma cultura desportiva isenta, justa e criadora de desenvolvimento e de progresso. Bastas vezes foi um simples instrumento de mão dos governos. Aceitou entrar no jogo político partidário. Por exemplo, vários presidentes do COP aceitaram acumular funções governamentais ou de nomeação governamental, no completo desrespeito pela Carta Olímpica.
Por tudo isto, quanto ao futuro imediato, exigimos que o Estado se mantenha completamente afastado do processo eleitoral em curso. Quanto ao futuro a médio prazo, fazemos votos para que o próximo presidente devolva ao COP a dignidade perdida.
17/1/2013