Resumo

Essa são palavras que narraram uma trajetória dentro da dança de salão, um percurso de vida-dança-pesquisa da autora do texto. Fragmentos de muitas facetas de um corpo dançante o qual se dispôs a problematizar o papel hegemonicamente destinado a mulher na dança de salão. Prática regida por um sistema de condução baseado em papéis binários cisgêneros e heteronormativos, o de cavalheiro e de dama.  Desse modo, acredito que a dança de salão pode ser uma tecnologia de controle e castração dos corpos femininos. Entretanto, essa pesquisa tem interesse em ações rebeldes que convocam uma dança de salão através de abordagens contemporâneas e queer. Assim, a figura da bruxa dispara na autora uma possibilidade de desintoxicação dessa corporeidade da dama, vivenciada pela mesma nos espaços de dança, convocando outros modos de compor dança de salão. Sendo assim, trago a performance La Bruja (2019) como disparadora de um caminho de subversão da docilidade do corpo da dama. Essa é uma pesquisa em dança que dialoga com os campos de estudos feministas e queer, os quais estão engajados em práticas que desidentifiquem a cisheterronormativdade compulsório presente nos nossos modos de vida. Trazendo essa imagem de insubordinação da bruxa para convocar a dama para dançar, um dançar a dois entre mulheres, que não almeje se fixar em nenhuma polaridade muito menos compor modelos. Porém se está interessando em buscar estratégias de acionar a rebeldia nessa prática de dança, e buscar caminhos mais igualitários, plurais e autênticos para suas protagonistas.

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