Resumo

O objetivo desse trabalho, que está inserido no campo da Memória Social, na interface com os estudos da linguagem, da Antropologia, da Sociologia e da História Social, é apontar em que medida o processo de modernização e espetacularização do futebol possibilitou ou, até mesmo, impulsionou o surgimento de novas formas de torcer. Nesse sentido, investigamos dois grupos de torcedores do clube carioca Botafogo Futebol e Regatas, quais sejam: a torcida organizada Fúria Jovem do Botafogo e o “movimento” Loucos pelo Botafogo. Como subsídio para ancorar nossas análises, utilizamos a etnografia dos dois grupos em momentos de torcer e quatro entrevistas individuais com integrantes dos grupos estudados. Diante disso, analisamos as diferentes identidades produzidas por esses grupos, a partir do arcabouço da Sociolunguistica Interacional com os conceitos de enquadre, alinhamento e pistas de contextualização (GUMPERZ, GOFFMAN; 2002), de habitus (BOURDIEU, 2007), individualização (ELIAS, 1994) e clubismo (DAMO, 2007), em relação às transformações do futebol e, consequentemente, do torcedor. À título de conclusão podemos apontar que o habitus dos torcedores estudados tem acompanhado as mudanças da matriz espetacularizada do futebol, assim como as identidades dos dois grupos são relacionais. 

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