Resumo
A presente investigação tem como objetivo realizar uma análise interdisciplinar das narrativas produzidas na imprensa e mídia durante o período de transformações arquitetônicas dos estádios de Wembley (2000-2007) e Maracanã (2010-2013). Para isso, são entrecruzadas categorias que fundamentam a base teórica deste estudo, tais como memória, representação, nostalgia e progresso. Estes equipamentos, edificados ao longo do século XX, produziram mensagens simbólicas que atravessaram múltiplas esferas da realidade social, sendo apropriados tanto pelos representantes do poder quanto pela sociedade civil. Palcos dos mais importantes eventos esportivos e de outras manifestações, ambos passam a sofrer intervenções na virada do século XX para o XXI. O antigo Wembley tem sua última partida oficial em 2000, mas as obras de fato iniciam-se apenas em 2003 e sua reabertura acontece em 2007, após ser demolido e reconstruído um estádio inteiramente novo. O Maracanã, por sua vez, começou a sofrer intervenções gradativas a partir de 1999, para o Campeonato Mundial da Fifa de 2000, passando por uma segunda em vista dos jogos Pan-Americanos de 2007. No entanto, foi a última reforma a mais drástica, para a realização da Copa do Mundo de 2014 e das Olimpíadas de 2016. Nesse caso, embora não tenha sido demolido tal qual Wembley, o estádio carioca passou por intensas alterações em relação à construção original. Deste modo, pretende-se realizar um estudo sobre a atuação da memória nesses momentos marcantes para o futebol de Londres e Rio de Janeiro, identificando as formas de representação acionadas do passado e para o futuro a respeito dos estádios em seus contextos sociais, de modo a estabelecer os pontos em comum e as principais diferenças encontrados nos relatos.