Resumo

Desde a retomada dos territórios pelo Estado em 2010, e a instalação das Unidades de Polícia Pacificadora, as comunidades do Complexo do Alemão no Rio de Janeiro convivem com confrontos entre traficantes e policiais. Essas organizações possuem suas próprias normas e códigos, tendo os moradores que conviver se “equilibrando” entre as duas. Essas tensões, evidentemente, perpassam os muros da escola, devendo ser consideradas em seu cotidiano. No ambiente escolar, discentes aprendem sua cultura e seguem suas rotinas, e a educação física transmite conteúdos próprios de seu campo como conhecimento de um patrimônio cultural no sentido lato, construídos historicamente pelo homem, conhecido como Cultura Corporal. Então, que influência a violência exerce no cotidiano da escola? Como professores e alunos lidam com esse contexto? Como a cultura escolar e a cultura corporal dialogam nessa conjuntura? O presente trabalho visa averiguar, em uma escola situada próxima aos conflitos armados, características comportamentais dos alunos nas aulas de educação física, após o processo de pacificação; Observar e identificar como se dão os reflexos do conflito durante as aulas de educação física; Observar como alunos e professores se equilibram entre as representações conflitantes, em meio ao processo pedagógico, durante as aulas de educação física. A pesquisa se caracteriza como qualitativa e a metodologia adotada teve como referência estudos do tipo etnográfico. Tal escolha se originou da necessidade de apreender os sistemas de significados atribuídos pelos participantes da sociedade local, analisando-os de duas formas: Observação participante das aulas de educação física, usando como instrumento o diário de campo, tendo alunos e professores como amostra, e entrevistas semi-estruturadas, feitas com professores de educação física e de outras disciplinas. Os resultados preliminares indicam marcas da cultura dos conflitos em meninos, bem como prejuízos ao desenvolvimento da cultura corporal.

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