Resumo

Esta pesquisa, que desenvolvo no doutorado na Escola de Educação Física e Esporte da USP, investiga a experiência de velejar vivida por mulheres. Ela parte de um desconforto que tive no mestrado, ao observar que o discurso que trata as mulheres como menos capazes de velejar se relaciona à um conjunto de elementos da experiência que representa um espectro heróico, fortemente atrelado ao masculino. Nesse sentido, não se duvida da capacidade das mulheres velejarem por águas tranquilas, tão pouco da capacidade de costurar cabos, velas e redes, de arrumar o barco, ou de cozinhar à bordo. Contudo, duvidam da habilidade de enfrentar o desconhecido, de fazer força e de suportar o mau tempo. Busco então, investigar não o que se diz sobre as mulheres velejadoras, mas o que elas mesmas vivem ao velejar, considerando que tal experiência articula movimento e significação, uma vez que nossa existência está ancorada no corpo e em um tecido simbólico. Utilizo assim, o referencial teórico da fenomenologia articulado com os estudos feministas, em especial com as contribuições de Simone de Beauvoir. Apresento então, um mosaico de experiências sob a ótica das próprias velejadoras, que me permite refletir sobre as possibilidades de relação da mulher com o velejar, relação esta que costumeiramente tem sido descrita como “empoderadora