Entre Cuecas e Calcinhas: a Opinião da Mídia em Relação à Atletas Transexuais Competindo em Times Femininos
Por Stephany Carolyne Gogola (Autor), Jullyanne Tomazelli Melo (Autor), Everson Luis Gogola (Autor), Anderson Barbosa de Sousa (Autor).
Em XV Congresso de História do Esporte, Lazer e Educação Física - CHELEF
Resumo
O constante debate levantado em torno do tema transgênero e esporte, gera diversos questionamentos, tais como: apontar ou não como ética a participação de tais atletas e/ou se existem vantagens biológicas específicas realmente relevantes no esporte praticado. O presente estudo tem por objetivo analisar os discursos, presentes nos diversos veículos de mídia, referentes a atletas transgêneros competirem contra atletas cisgênero, além de expor a diversidade de opiniões geradas sobre esse assunto nos esportes em geral, partindo de um ponto sociológico, tendo em vista a atual conjuntura deste assunto e sua interferência na sociedade atual. Trata-se de um estudo de natureza básica, qualitativa e de levantamento bibliográfico, com base na análise de discurso das mídias escritas e discursivas. Como procedimento, utilizou-se da análise de discurso das redes de comunicação Gazeta do Povo, Metrópoles, GloboEsporte.com, Folha de São Paulo, Veja, ESPN, além de pequenos blogs e sites autônomos. A partir das análises dos discursos dos veículos de mídia supracitados, pôde-se observar as diferentes perspectivas e visão entre elas. Em um aspecto geral, as grandes mídias, como jornais, revistas e sites de grande relevância em âmbito nacional, expõem uma opinião um tanto quanto neutra, levantando uma linha de raciocínio que apresenta os diferentes pontos de vista da discussão e acaba não sendo conclusivo, ou seja, não dá de fato um veredito final. Existem ainda algumas ressalvas de grandes revistas, jornais e sites que dão um parecer pessoal do autor, mas são exceções. Já nas mídias de menor referência e de pequena relevância, caso dos blogs e websites de pequeno e médio porte, é mais comum de encontrar opiniões concretas e, em alguns casos, referenciando artigos científicos sobre o tema para reforçar sua tese, dando assim uma certa credibilidade ao texto, tendo em vista que o mesmo não se baseia em suposições. Ainda assim, é possível encontrar as mais variadas opiniões sobre o assunto. Tal diversidade de opiniões acaba por favorecer as discussões e dividir os leitores, que acabam acatando o que lhes parece mais correto ou benéfico em certos casos. Casos como o da jogadora de Voleibol Tiffany Abreu e da lutadora de Artes Marciais Mistas (MMA) Fallon Fox, ambas atletas transgêneros, são constantemente citados em artigos e alvos de crítica da mídia. Para polemizar ainda mais o assunto, são colocados pontos de vista de atletas cisgênero dos respectivos esportes, que criticam duramente a participação dessas atletas em competições profissionais, o que dá ainda mais embasamento para a exploração midiática. Ou seja, mídias de grande porte e grande influência não deixam claro seu posicionamento perante o assunto e sim o posicionamento pessoal de seus autores. Já as mídias de pequeno porte como websites ou blogs deixam clara suas opiniões e acabam tendo públicos específicos que possuam o mesmo pensamento.
Referências
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