Resumo
Com o fim de verificar as consonâncias e divergências constatadas nos diversos discursos, acerca da origem e popularização dos confrontos intermodalidades no Brasil, intenta-se, por meio de uma pesquisa histórica pautada em fontes jornalísticas, analisar e problematizar os primórdios das disputas intermodalidades. Assim sendo, o objetivo geral da presente pesquisa é compreender como as modalidades de esporte de combate, as artes marciais e os confrontos intermodalidades foram retratados nos periódicos da cidade do Rio de Janeiro, entre os anos de 1909 e 1929, enfatizando as questões relacionadas com a violência e a formação de uma identidade nacional. Para tanto, procurou-se estabelecer alguns objetivos específicos, os quais serão contemplados em cada um dos capítulos deste estudo. Neste sentido, tornou-se necessário: 1) refletir teoricamente acerca da violência presente (ou não) nos esportes de combate, artes marciais e disputas intermodalidades; 2) contextualizar econômica, política e culturalmente a cidade do Rio de Janeiro, considerada a principal sede dos referidos confrontos; 3) historicizar a chegada, o estabelecimento e a popularização das modalidades do boxe, da luta romana, do jiu-jitsu e da capoeira na então capital federal; 4) ponderar sobre as repercussões dos confrontos intermodalidades nos periódicos cariocas; e, por fim, 5) refletir acerca do emparelhamento entre práticas esportivas e identidade nacional, por parte dos periódicos pesquisados. Tendo em vista as características acima aludidas, e considerando especialmente aspectos relacionados com a violência e identidade nacional, questiona-se: como as modalidades de combate, as artes marciais e os confrontos intermodalidades foram retratados nos periódicos da cidade do Rio de Janeiro, nas primeiras décadas do século XX? Tal como se observou ao longo desta pesquisa foi possível perceber que o processo de urbanização da cidade do Rio de Janeiro, ocorrido no início do século XX, coadunado a um ideário modernista, pautado muitas vezes em um modelo de civilidade europeu, propiciou a introjeção de novos hábitos e costumes estrangeiros, dentre eles a adoção de diversas práticas esportivas tal como o turfe, o remo e o futebol, entre outras. Tais práticas, inicialmente restritas a uma elite carioca apresentavam características vinculadas ao amadorismo e a conduta de sportman. A prática desses esportes representava além do aspecto da distinção social um avanço no intuito de modernizar da sociedade brasileira. Se por um lado o processo de modernização da então capital federal contemplava principalmente os anseios de uma elite, com sentido à aproximação com os hábitos europeus; por outro lado, este incipiente ambiente urbano possibilitou a popularização de alguns esportes nos extratos populacionais menos privilegiadas economicamente.