Sobre
Dribles, manobras, braçadas, golpes, identidades, negociações, conflitos, sociabilidades, gestualidades, visibilidades, agenciamentos, alteridades, espetacularizações. Como registrada certa vez, por um dos organizadores em seu caderno de campo, a fala de um jovem boleiro traduzia: “tem que ter categoria”. De maneira muito perspicaz, a agenda esportiva estabelecida no país – que os organizadores preferem denominar de “década esportiva” – dos Jogos Pan-Americanos (2007) aos Jogos Olímpicos e Paralímpicos (2016), é o objeto das incursões multidisciplinares desta coletânea. Nessa média duração conjuntural, há no entanto outras temporalidades significativas. Além dos tempos específicos de cada ensaio e de cada prática esportiva analisada, entrelaçam-se gerações de pesquisadores, seja como autores seja como referências aos balanços bibliográficos mais amplos e às revisitações pontuais apresentadas. As indagações acerca do legado acadêmico dessa década esportiva podem ser respondidas parcialmente pela própria constituição desse entrelaçamento. Há hoje no Brasil gerações diversas de pesquisadores que alargaram as fronteiras temáticas e revigoram, ora com frescor e inquietude, ora com experiência e maturidade, os debates metodológicos acerca das práticas esportivas e do que vem sendo definido como os Estudos Sociais do Esporte. Sim, temos massa crítica e volume investigativo de enorme qualidade. Portanto, dos picos do skate às várzeas e arenas modernas das piscinas às regatas e múltiplas topografias dos corpos das expressões torcedoras às relações institucionais e políticas da esportividade ameríndia entranhada na sociocosmologia do Alto Xingu às interseccionalidades sociais e das relações de gênero temos aqui um pouquinho de Brasil que pensa as práticas do esporte articulando visceralmente o campo acadêmico ao campo esportivo.