Resumo
A escolha do México como cidade sede para os Jogos Olímpicos de 1968 ocorre em um momento em que o mundo se voltava para a corrida espacial, em que as periferias do mundo, vivia o confronto com a violência, com as ditaduras e as guerras genocidas, em que eram testados os produtos da corrida armamentista, incluindo armas químicas, biológicas e mísseis teleguiados. Pela primeira vez na história os Jogos Olímpicos seriam realizados em um país não industrializado, na América Latina, o que despertou controvérsias e manifestações em relação a escolha da cidade sede e aversão dos anglo-saxões. Atletas em sintonia com a juventude de seu tempo, frequentadores de universidades e atentos ao que se passava em seus países, foram aos Jogos não apenas para competir. Eles tinham ideais, posicionamento político e fizeram do esporte um meio para dar visibilidade às suas manifestações. O Brasil vivia sob a ditadura militar com a restrição de direitos civis, fechamento do congresso nacional, mandatos de parlamentares cassados, estabelecimento da censura aos meios de comunicação e inquéritos militares sigilosos. Intimidações, torturas, sequestros, desaparecimentos e mortes marcaram o auge do autoritarismo militar no Brasil. É nesse contexto que a delegação brasileira viaja para os Jogos Olímpicos do México, em 1968. O objetivo desta tese é construir uma narrativa sobre os Jogos Olímpicos do México, de 1968, a partir das sínteses biográficas e das estilhas das narrativas de 54 dos 81 atletas brasileiros participantes desta competição. Essa construção se dá a partir uma discussão sobre os fundamentos teóricos-metodológicos da pesquisa na história oral, das narrativas biográficas e do banco de histórias, onde são encontrados os conceitos de fragmento biográfico e história oral de família