Resumo

Inúmeras transformações urbanas e socioculturais caracterizaram a cidade de São Paulo no período 1920-1930, modificando lugares sociais, costumes e padrões de conduta. O futebol não ficou imune a tais mudanças. Duas experiências, a princípio antagônicas, revelam como essa instabilidade marcou a formação do campo esportivo na cidade. A partir da documentação interna da Associação Atlética Anhanguera e do Clube Atlético Paulistano, representantes, respectivamente, dos clubes populares varzeanos e dos clubes de elite, o presente artigo compara momentos das trajetórias das duas associações: apresenta as diferenças na forma como se apropriaram do futebol e as semelhanças em sua recusa a modernos critérios de organização como a competência esportiva. Embora tal rejeição tivesse por base tradições muito diferentes: o associativismo familiar e de socorro mútuo, por um lado, e o ethosaristocrático, por outro, ela acabou por contribuir para a formação da ideia de amadorismo, substancial para as práticas e representações do futebol paulistano.

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