Entre Pontas, Coques e Pliês: Aprendizagem da Dança Clássica no Contexto do Centro de Formação Artística do Palácio das Artes
Por Leandra Fernandes Resende (Autor).
Resumo
Esse trabalho teve como objetivo registrar, descrever e analisar o que e como os praticantes aprendem no contexto de prática de dança clássica. Para isso, foi realizada uma pesquisa etnográfica no Centro de Formação Artística (Cefar) do Palácio das Artes, no decorrer do ano de 2010. Tomado como uma prática cultural, o balé clássico, ganhou destaque nesse contexto, uma vez que é a modalidade ofertada na primeira metade do curso básico de dança, e que continua sendo trabalhada no restante do curso. As aprendizagens do balé nesse contexto foram descritas e analisadas com base na teoria da forma escolar (VICENT, LAHIRE E THIN, 2001), da Aprendizagem Situada (LAVE E WENGER, 1991) e da educação da atenção (INGOLD, 2000, 2001a, 2001b). Esta pesquisa procurou dar relevância ao conjunto de elementos que envolvem a aprendizagem da dança — a incorporação da habilidade (INGOLD, 2000; 2001a; 2001b), ou seja, de significados, disposições corporais, tipos de atenção, emoções e conhecimentos que caracterizam a prática. O trabalho de campo revelou que a aprendizagem da dança, muito mais do que uma sequência de movimentos, envolve a constituição de disposições corporais, modos de agir e expressar, que acontecem por meio da imitação das professoras, dos colegas, dos alunos de outras turmas, da intensa repetição dos exercícios e dos movimentos. Assim, a aprendizagem da dança é incorporada a partir do engajamento na prática, da imersão no contexto, da participação, em um contexto que é formado por uma rede de relações onde estão presentes: o espaço, a música, o próprio corpo, o corpo do outro, os instrumentos.