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As epilepsias constituem um grupo de desordens crônicas que se caracterizam pela recorrência de crises epilépticas espontâneas e usualmente imprevisíveis. A epilepsia, portanto, é uma alteração temporária e reversível do funcionamento do cérebro, que não tenha sido causada por febre, drogas ou distúrbios metabólicos. Durante alguns segundos ou minutos, uma parte do cérebro emite sinais incorretos, que podem ficar restritos a esse local ou espalhar-se. Se ficarem restritos, a crise será chamada parcial; se envolverem os dois hemisférios cerebrais, generalizada. Por isso, algumas pessoas podem ter sintomas mais ou menos evidentes de epilepsia, não significando que o problema tenha menos importância se a crise for menos aparente.
O exercício físico é geralmente aceito em contribuir para a saúde em geral, mudanças positivas no estilo de vida, melhora do humor, qualidade de vida e redução da ansiedade e depressão. Portanto, efeitos positivos fisiológicos e psicológicos observados depois de um programa de treinamento físico são bem documentados. Apesar do efeito favorável da atividade física sobre a saúde ser inquestionável, programas de exercício físico para pessoas com epilepsia é ainda assunto de controvérsia. Uma atitude superprotetora em relação às pessoas com epilepsia normalmente evita sua participação em atividades esportivas. Esta relutância dos indivíduos com epilepsia e de seus familiares é normalmente devida, em parte, pelo medo de que o exercício poderá causar crises e, em parte, pelo medo de ocorrência de lesões durante o exercício.
Pessoas com epilepsia podem ter os mesmos benefícios de um programa de treinamento físico que qualquer outra pessoa: aumento da capacidade aeróbia máxima, aumento da capacidade de trabalho, freqüência cardíaca reduzida para um mesmo nível de esforço, redução de peso com redução de gordura corporal e aumento da auto-estima.
Alguns estudos têm sugerido que o exercício físico aumenta o limiar de crises, conferindo um efeito protetor para os indivíduos com epilepsia. Outros experimentos mostram que o exercício físico reduz a atividade epiléptica no EEG, reduzindo o número de crises em muitos pacientes durante a atividade física, as quais retornam durante o período de repouso. Tem-se observado que estas pessoas estão propensas a desenvolverem menos crises quando estão ativamente ocupadas e que poucas crises ocorrem durante a atividade mental e física, quando comparadas com períodos de repouso.
Alguns fatores como o estresse, a fadiga, a hipóxia, a hiperhidratação, a hipertermia, a hipoglicemia e hiperventilação têm sido presumidos em influenciar ou provocar crises durante atividades esportivas ou exercício físico, apesar desta relação ser meramente especulativa.
Algumas dúvidas são freqüentes entre as pessoas com epilepsia, como: O indivíduo com epilepsia pode fazer atividade física? Isto vai depender do grau de controle de suas crises e da liberação de seu médico para iniciá-la. Cada paciente é único em relação ao tipo, freqüência e severidade de suas crises. E importante que o médico esteja interado sobre as diferentes atividades esportivas para poder indicar o melhor esporte. A prática esportiva, infelizmente, não é possível a todos os indivíduos com epilepsia, particularmente aos que sofrem crises graves e freqüentes com comprometimento neurológico importante. Para muitos esportes, o risco na sua participação não é documentado.
Portanto, é necessário ter cautela na indicação ou contra-indicação da atividade esportiva para o indivíduo com epilepsia. Alguns autores consideram que quase todas as atividades esportivas são adequadas para portadores de epilepsia que apresentam 1 a 2 crises por ano. Entretanto, as principais organizações médicas como a Academia Americana de Pediatria e a Associação Médica Americana têm mudado seus conceitos em relação à participação de esportes de uma forma muito mais liberal. Apesar disso, é importante observar que cada indivíduo deve ser considerado separadamente.
Conhecendo todas as ações benéficas do exercício físico na epilepsia, parece justificável encorajar a maioria das pessoas com epilepsia a participarem de um programa de exercício físico regular com um considerável impacto na qualidade de vida destas pessoas.
Referências
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