Equações de Predição Para Força de Preensão Manual e Sua Aplicabilidade em Adultos de Meia-idade e Idosos Assintomáticos: Um Estudo Prospectivo
Por Matheus Oliveira de Jesus (Autor), Thatiane Lopes Valentim Di Paschoale Ostolin (Autor), Rodrigo Pereira da Silva (Autor), Agatha Caveda Matheus (Autor), Evandro Fornias Sperandio (Autor), Marcelo Romiti (Autor), Antônio Carlos de Toledo Gagliardi (Autor), Rodolfo Leite Arantes (Autor), Victor Zuniga Dourado (Autor).
Em 40º Simpósio Internacional de Ciências do Esporte SIMPOCE
Resumo
Introdução: A força de preensão manual (FPM) é uma medida simples e barata para avaliar a função muscular dos membros superiores e apresenta associação com diferentes desfechos em saúde. Apenas um estudo brasileiro desenvolveu equações de predição da FPM para adultos. Entretanto, o estudo utilizou dinamômetro mecânico, o qual é menos preciso, e contou com uma amostra pequena. Além disso, não existem estudos que avaliaram a aplicabilidade de equações de predição da FPM prospectivamente.
Objetivos: Elaborar equações de predição da FPM de acordo com o nível de atividade física diária e avaliar a aplicabilidade dessas equações prospectivamente. Metodologia: Selecionamos 1042 indivíduos (395 homens, 38 ± 14 anos e 647 mulheres, 44 ± 15 anos) do Estudo Epidemiológico do Movimento Humano (EPIMOV). Tomamos três medidas de FPM da mão dominante na posição sentada, com braço ao longo do tronco, cotovelo fletido a 90º e antebraço na posição fundamental com a maior medida para análise. O nível de atividade física diária (NAFD) foi avaliado por acelerometria triaxial acima do quadril durante 4-7 dias consecutivos com pelo menos 12 h de monitoramento. Aqueles que realizaram menos de 2,5 h/semana de NAFD moderada a intensa foram considerados fisicamente inativos. Peso e estatura foram mensurados para cálculo do índice de massa corporal (IMC). Avaliamos o risco cardiovascular por meio do autorrelato de fatores clássicos tais como hipertensão arterial, diabetes mellito, dislipidemia, obesidade, tabagismo e inatividade física. Elaboramos uma série de regressões lineares multivariadas do tipo stepwise utilizando a FPM como desfecho. Na amostra total (n = 1042), ajustamos os modelos por idade, sexo, peso, estatura e fatores de risco cardiovasculares. Em uma sub-amostra de indivíduos saudáveis (n = 790), ajustamos os modelos sem os fatores de risco cardiovasculares. A aplicabilidade da melhor equação desenvolvida foi avaliada prospectivamente em uma amostra de 300 participantes que retornaram para reavaliação após aproximadamente 15 meses. Utilizamos o coeficiente de correlação intraclasse, o coeficiente de variação e o método gráfico de Bland and Altman para investigar a confiabilidade da melhor equação proposta. Resultados: Os participantes avaliados apresentaram valores de IMC representativos de sobrepeso (28,2 ± 6,01). Em relação aos fatores de risco cardiovasculares, 70,5% são inativos fisicamente, 82,7% hipertensos, 90,9 diabetes mellito, 75,1% dislipidemia, 67,5%, obesidade e 87,7% tabagismo. Após análise de regressão múltipla na amostra total, sexo, estatura, peso, idade, hipertensão arterial, diabetes mellito e dislipidemia foram selecionados como os principais preditores da FPM, explicando 62,7% da variabilidade total. Hipertensão arterial, diabetes mellito e dislipidemia explicaram apenas 3% 2% e 1% respectivamente da variabilidade total. Na amostra de indivíduos saudáveis, sexo, estatura, peso e idade explicaram 62,1% da variabilidade total da FPM. A confiabilidade da equação desenvolvida para indivíduos saudáveis apresentou aplicabilidade prospectiva limitada com coeficiente de correlação intraclasse de 0,80 (Intervalo de confiança de 95% 0,75 - 0,83), coeficiente de variação de 11,2% e diferença média de -1,6 kgf (-33,7 – 30,4). Conclusão: Sob nosso conhecimento, o presente estudo é o primeiro a apresentar equações de predição da FPM avaliada em dinamômetro hidráulico e em amostra suficiente. Podemos concluir que a FPM pode ser predita por sexo, estatura, peso e idade, com pouca influência adicional de fatores de risco cardiovasculares. Nossa equação pode ser útil para melhor interpretação da FPM no ambiente clínico. Contudo, o uso prospectivo da equação proposta deve ser realizado com cautela tendo em vista a confiabilidade e limites de concordância limitados na amostra estudada.