Resumo

Introdução: O processo de envelhecimento promove alterações fisiológicas, tais como redução da força e da massa muscular, comprometimento da integridade da membrana celular e alterações nos sistemas sensoriais, neuromuscular e na velocidade de processamento de informação no sistema nervoso central. Essas alterações podem causar deteriorações no controle postural, o que afeta negativamente a capacidade funcional e predispõe os idosos a um maior risco de quedas e medo de cair. A prática regular de exercícios físicos, entre eles o treinamento resistido, é indicado para a população idosa, tendo em vista os seus benefícios para a força e massa muscular, equilíbrio e capacidade funcional. Objetivos: 1) Investigar os efeitos de um programa de treinamento resistido e acompanhamento de cinco meses sobre o controle postural, medo de cair e funcionalidade em idosos, e 2) Avaliar o comportamento do controle postural em relação à integridade da membrana celular e funcionalidade. Métodos: A amostra foi composta por 21 idosos de ambos os sexos (idade média 75,80 ± 9,56 anos). O equilíbrio estático foi avaliado por meio da plataforma de força e o equilíbrio dinâmico e funcionalidade foram avaliados pelos testes Timed-up-and-go (TUG) e Short Physical Performance Battery (SPPB). O medo de cair foi avaliado pelo questionário Falls Efficacy Scale International (FES-I-BRASIL). A integridade da membrana celular foi mensurada pela bioimpedância elétrica (BIA) e a força isométrica foi estimada por dinamômetro eletrônico. Os participantes foram submetidos a um programa de treinamento resistido com periodização linear durante 12 semanas e acompanhados durante cinco meses após o término do programa. As avaliações propostas foram realizadas no momento basal, após 12 semanas de treinamento resistido e cinco meses após o término do programa. Para análise estatística foram utilizados testes para avaliação da normalidade dos dados, análise de variância para comparação dos valores de controle postural, medo cair e funcionalidade nos diferentes momentos e análise de regressão múltipla, ajustado pela idade, índice de massa corporal e sexo, para correlação entre equilíbrio, BIA e funcionalidade. O nível de significância foi estabelecido em p< 0,05. Resultados: Não houve alterações sobre as variáveis mensuradas do equilíbrio estático (p>0,05). Quanto aos testes de funcionalidade não foram observadas alterações no TUG (F = 1,49, p = 0,23, η² = 0,08), testes de equilíbrio (F = 1,92, p = 0,16, η² = 0,10), teste de sentar e levantar (F = 0,42, p = 0,65, η² = 0,02). Também não foi observado mudança sobre o medo de cair nos momentos avaliados (F = 2,0, p = 0,15, η² = 0,10). Houve manutenção da força muscular para o movimento de extensão de tronco entre os momentos basal e após 12 semanas e diminuição entre os momentos basal e 5 meses (p<0,001). Adicionalmente, houve correlação inversa entre as variáveis de equilíbrio e bioimpedância elétrica na análise da velocidade média de oscilação na direção médio-lateral (vel/ml). Na análise da área do deslocamento do centro de pressão (A/CoP) foi verificada correlação inversa entre ângulo de fase e reatância na posição apoio unipodal, em todos os modelos de ajuste. Houve correlação inversa entre o TUG e a posição semitandem e olhos fechados (p = 0,04) e correlação positiva entre o SPPB e a condição pés juntos e olhos abertos. Na análise da variável vel/ml para a condição semitandem e olhos fechados foi observada uma correlação negativa com a reatância, resistência e ângulo de fase (p <0,05), enquanto a correlação com o TUG foi positiva (p <0,05). Conclusão: Doze semanas de treinamento de resistência não promoveu alterações no controle postural, medo de cair e funcionalidade em idosos. Houve manutenção do controle postural e da força muscular após a intervenção. Foi observado que o controle postural está linearmente relacionado aos parâmetros de bioimpedância e funcionalidade em idosos.


 

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