Resumo
O objetivo do presente estudo foi o de fazer um perfil sócio-psicológico da Seleção Brasileira de Voleibol Masculino à luz da Teoria Ecológica do Desenvolvimento Humano proposta por Urie Bronfenbrenner. A Teoria Ecológica não só conecta, mas principalmente relaciona os aspectos intrapsíquicos e interpessoais em um sistema único e dinâmico, permitindo fazer um retrato amplo e compreensivo das relações e interações do ambiente e dos indivíduos que compõe este ambiente. Seu modelo teórico é um modelo sistêmico composto por quatro níveis hierárquicos diferentes porém interrelacionados, indo do mais próximo, o microssistema, ao mais remoto, o macrossistema. Para a elaboração deste estudo considerou-se a Seleção Brasileira de Voleibol como um microssistema, analisando-se seus três elementos básicos: as atividades, os papéis e as relações interpessoais. Para tanto, utilizou-se do modelo de análise proposto por Bronfenbrenner, o modelo processo-pessoa-contexto. Através dos resultados encontrados pode-se observar que somente para um dos atletas a atividade alongamento é do tipo molecular. Sabe-se que para que as atividades esportivas sejam significativas e tenham persistência temporal elas devem ser molares aos jogadores. Assim, atividades moleculares fazem com que o atleta se esforce menos para realizá-las e/ou parede realizá-las quando o técnico não está olhando. O estudo dos papéis e das relações entre os diferentes papéis constitui a evidência de funcionamento de um determinado grupo. Assim, pode-se concluir que dois papéis têm relevância dentro de um grupo esportivo, o de capitão e o técnico e que ligações emocionais positivas das pessoas que desempenham estes papéis com os demais membros da equipe, aumentam o grau de poder e respeito do ocupante do papel. No entanto, os atletas avaliaram que o técnico tem um grau de relacionamento social ligeiramente diminuído, porém estatisticamente significativo, em relação à postura profissional e à execução de tarefas. Este dado é muito significativo uma vez que o técnico exerce uma grande influência sobre o comportamento e a performance do grupo. Por outro lado, o capitão do time foi escolhido por unanimidade por todos os outros jogadores, mostrando que este atleta tem, segundo os demais jogadores, capacidade para desempenhar este papel. Apesar de muitas atividades esportivas serem feitas de forma isolada, algumas requerem necessariamente a interação com os outros. Sendo assim, relações emocionais positivas facilitam a participação dos atletas em padrões de atividades recíprocas mais duradouras e complexas. Os integrantes da seleção brasileira mostraram através dos sociogramas haver díadas de interações bem estabelecidas e que somente um dos atletas se encontrava na periferia das relações interpessoais. A implicação prática deste estudo está na possibilidade de se analisar um grupo esportivo em todos os seus componentes e principalmente o modo de operar destes componentes em um processo constante de ajustamento e reajustamento.