Resumo
Investigações acerca da imagem corporal no público infantil são essenciais, já que atitudes direcionadas à melhora da aparência física podem ter início na mais tenra idade. Entretanto, ainda são escassos instrumentos com bons indicadores de validade e confiabilidade para avaliar a imagem corporal nesta população. O objetivo deste estudo foi desenvolver e avaliar as qualidades psicométricas de um instrumento destinado à análise das preocupações e comportamentos relacionados ao corpo para crianças brasileiras de ambos os sexos. O desenvolvimento da presente tese é composto por quatro etapas. Na etapa 1, foram construídos itens com base em revisão de literatura, escalas prévias de imagem corporal e quatro grupos focais, divididos por sexo e idade. Participaram um total de 19 crianças, sendo 10 meninas e 9 meninos, de 6 a 11 anos (M=8,36; DP=1,42). No total, foram desenvolvidos 53 itens, instruções ao pesquisador e participante, formato e opções de resposta. Na etapa 2, o conteúdo e a semântica dos itens foram avaliados por 10 peritos e por 21 meninos e meninas representantes da população-alvo com idade entre 6 a 11 anos (M=8,25; DP=1,70). A escala passou por refinamento e alguns itens foram excluídos e outros modificados, totalizando 40 itens nesta versão. As etapas 3 e 4 analisaram as qualidades psicométricas desse instrumento em 1268 crianças com idade entre 7 e 11 anos, sendo 571 meninas (M=9,17; DP=1,23) e 597 meninos (M=9,32; DP=1,24), das cinco regiões do Brasil. Análises fatoriais exploratória e confirmatória foram conduzidas com amostras independentes. A versão feminina final da escala (EPCCI-F) é composta por 17 itens divididos em cinco fatores: 1) “Áreas corporais do rosto”; 2) “Áreas corporais relacionadas a atratividade”; 3) “Áreas corporais relacionadas à magreza/excesso de peso”; 4) “Preocupação com a magreza”; e 5) “Comportamento/desejo direcionado a muscularidade”. A versão masculina final (EPCCI-M) engloba 13 itens e dois fatores: 1) “Preocupações com aspectos específicos do corpo”; e 2) “Preocupações e comportamentos relacionados ao corpo”. Ambas as versões apresentaram indicadores de validade convergente e discriminante. As escalas encontram-se prontas para uso na população de crianças brasileiras entre 7 e 11 anos.