Resumo
Este estudo teve por objetivo recuperar e escrever uma das possíveis histórias da Escola Nacional de Educação Física e Desportos (ENEFD), primeira escola de formação de professores na educação física brasileira ligada a uma universidade (Universidade do Brasil), fazendo uso não só de fontes escritas, mas também de depoimentos de pessoas ligadas ao seu cotidiano, procurando refletir criticamente sobre essa história. Este estudo não pretendeu se limitar ao levantamento de datas e fatos da história de uma instituição acadêmica já reconhecidamente importante. Ao adotar a História Oral como possibilidade metodológica, no entanto, não pretendi abandonar a utilização de documentos e as preocupações com datas e fatos, mas sim redimensionar tais possibilidades, buscando um diálogo entre as fontes utilizadas. Justifica-se esse estudo basicamente por dois motivos: a) a ENEFD é um patrimônio cultural da educação física brasileira, construído com o esforço de nossos antepassados e carrega em si parte de nossa memória; b) possibilidade de contribuir dando subsídios e embasamento para que melhor se entendam determinadas questões contemporâneas, através do surgimento de novos fatos, novas abordagens e interpretações, que podem até permitir reformular e reestruturar concepções históricas existentes. Seis são as conclusões básicas desse estudo; a) a criação da ENEFD estava ligada ao projeto político do Estado Novo; b) o processo de criação da ENEFD foi similar ao de outras escolas e cursos de formação de professores, ressaltando-se a presença central de militares; c) a ENEFD obteve maior status no momento em que os médicos ocuparam a direção; d) a ENEFD teve um importante papel na produção e divulgação de novos conhecimentos; e) os estudantes ocuparam papel de destaque na estrutura da ENEFD e f) a perda de status da ENEFD deu-se tanto por influência de fatores externos (mudança de capital, reforma universitária, fusão do Estado do Rio de Janeiro com o Estado da Guanabara), quanto por fatores internos (lenta renovação do corpo docente, restrições ao movimento estudantil, afastamento dos médicos da direção)