Resumo
O futebol participou da conformação dos Estados pós-coloniais (GUTTMANN, 1994; MANDELL, 1984), no final do século XIX, como produto da expansão capitalista e dos projetos de modernização, nem sempre consensuais ou planejados (LOVISOLO; SOARES, 1998). O crescimento do esporte no Brasil e na América Latina estava associado aos seguintes aspectos: ao surgimento das metrópoles com suas novas redes de sociabilidade; à construção e à expansão de extensas redes de comunicação e transportes; às constantes experimentações de novas tecnologias e modas; aos novos sistemas de produção industrial; ao incentivo dos governos que vislumbravam nos valores ascéticos do esporte um caminho de educação para a saúde e para a formação do caráter (ARCHETTI, 2003; JESÚS, 1998, 1999; MANGAN, 2002; PEREIRA, 2000; SEVCENKO, 1992). O futebol no Brasil começa sua história aristocrático, branco, elegante, rico e falando inglês, mas rapidamente, torna-se popular, moreno, mulato ou mestiço e dos pobres nas décadas de 1910, 1920 e 1930. A apropriação pelo povo não respeitou os manuais ingleses, mas uma interpretação do que viam nas arquibancadas ou do lado de fora, experimentando e executando sua própria maneira de lidar com a bola.