Resumo

São seis da manhã. Hora de dar a última conferida no velho "podão de guerra", de 600g, que não está nas melhores condições, mas não impedirá a produtividade dos campeões. O "atleta" entra em campo e já agarra o primeiro feixe com cinco a dez varas de cana. Em seguida as puxa, flexiona a coluna para cortar o feixe rente ao solo - como gosta o patrão -, traz o tronco de volta para cortar as "ponteiras" no alto da cana, joga-as em montes e avança eito adentro. Nesse momento o relógio crava em 5,6 segundos.

A prova não é de velocidade, mas de resistência. Às 16h, horário previsto para os cortadores de cana terminarem a jornada, os números alcançarão a impressionante marca de 3792 golpes de facão desferidos, 3994 flexões de coluna e 11,5 ton de cana cortadas. O esforço é recompensado por R$ 38. Porém, não haverá comemoração, apenas recuperação. Amanhã será mais um dia de trabalho.

Esse esforço físico é a realidade diária de 335 mil cortadores de cana no Brasil. Os números são frutos de uma pesquisa ergonômica sobre o corte manual de cana-de-açúcar no interior do estado de São Paulo. Os resultados do estudo da Universidade Metodista de Piracicaba (Unimep) concluem que a condição física desses cortadores se assemelha a de maratonistas. "Os músculos desse profissional são franzinos, mas sua resistência é elevada; seus problemas de saúde também são os mesmos a que estão sujeitos atletas de alto desempenho", afirma Erivelton Fontana de Laat, coordenador da pesquisa.

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