Resumo

O objetivo deste estudo foi investigar espessura médio intimal (EMI), obesidade, aptidão cardiorrespiratória, marcadores inflamatórios e dislipidemias em escolares obesos e não-obesos de 10 a 16 anos da cidade de Curitiba-PR. A amostra foi composta por 35 indivíduos obesos (19 meninos) e 18 não-obesos (9 meninos). Avaliou-se massa corporal (MC), estatura, IMC, estágio puberal, pressão arterial (PA), circunferência abdominal (CA), consumo máximo de oxigênio direto (VO2max), comp sição corporal e gasto metabólico basal (GMB). Determinou-se em jejum glicemia, insulinemia, triacilglicerolemia (TAG), colesterol total (CT), proteína c-reativa(PCR) e adiponectinemia, e 120 min após a ingest o de açúcar mensurou-se glicemia (GLIC120) e insulinemia (INS120) novamente. O Homeostasis Metabolic Assessment (HOMA-IR) e o Quantitative Insulin Sensitivity Check Index (QUICKI) foram determinados, e classificados de acordo com os pontos de corte propostos por Leite (2005). Avaliou-se espessura médio intimal (EMI) de artéria carótida por ultrassonografia, sendo realizada na carótida comum, bilateralmente, três distâncias foram estabelecidas: espessura medio intimal direta(EMId), espessura médio intimal esquerda(EMIe) e espessura médio intimal(EMIm) sendo a média das duas anteriores. Para posterior análise dividiu-se a amostra em grupo dislipidêmico (n=31) e não dislipidêmico (n=20). Utilizou-se os testes de c2 e exato de Fisher, teste “t” de Student independente e U Mann Whitney, a correlação de Pearson e de Spearman, com nível de significância para p<0,05. Dos 35 indivíduos com obesidade, 11 (32,4%) apresentaram níveis alterados de CT, 3 (8,8%) de LDL, 19 (55,9%) de HDL e 14 (41,2%) de TAG. Os percentuais de alterações de CT e LDL foram semelhantes entre obesos e não-obesos. Todos os obesos apresentaram VO2max baixo e nos não-obesos a prevalência foi de 77,7%. Os indivíduos obesos apresentaram valores de PCR, EMId e EMIm maiores e menores de adiponectinemia do que os não-obesos(p<0,001). As três medidas de espessura apresentaram correlação direta com as medidas de composição corporal e inversa com %MM e VO2max. EMId ainda demonstrou correlação direta com VLDL, glicemia, INS120, HOMA-IR, PCR e inversa com HDL e QUICKI. A adiponectinemia apresentou correlação inversa com as variáveis de composição corporal e direta com %MM e VO2max. Houve correlação direta entre PCR e CA, %Gord e FCrep, e inversa com %MM e VO2max. Os obesos apresentaram maiores alterações metabólicas, inflamatórias e clínicas do que os não-obesos, demonstrando que a obesidade pode ser fator determinante para o desenvolvimento de doenças cardiovasculares. As espessuras de carótida foram maiores nos obesos, evidenciando prejuízo endotelial em idades precoces. No entanto, EMIe não diferiu, sugerindo que o lado direito possa ser mais indicado como protocolo padrão para diagnóstico desta medida.

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