Espírito Olímpico: Para Uma ética de Competição
Integra
18-1-2013,
A Carta Olímpica (CO) que serve de Estatutos para o Comité Olímpico Internacional (COI), estabelece os princípios fundamentais e os valores essenciais do Olimpismo, definindo os direitos e as obrigações recíprocas do COI, das Federações Internacionais (FIs), dos Comités Nacionais Olímpicos (CONs), e dos Comités Organizadores dos JO (COJOs). Os princípios do Olimpismo, entre outros aspetos, determinam que o Espírito Olímpico, requer o entendimento mútuo, bem como o espírito de amizade, de solidariedade e de fair play, entre aqueles que disputam uma competição.
A competição acontece nas mais diversas áreas sociais entre elas, por exemplo, na economia e na política. E, tal como no desporto, a competição na economia e na política ou é nobre e leal ou é geradora de subdesenvolvimento, de desagregação social e de sofrimento sobretudo dos mais desprotegidos. Quando um banqueiro "podre de rico" subtrai ao erário público uns milhões de euros através de uma fuga fraudulenta aos impostos, ou quando os políticos na Assembleia da República nos dão aquele espetáculo de disputas manhosas e soezes em que a vitória está acima da ética de competição, estão a ferir o Espírito Olímpico enquanto filosofia de vida sustentada num comportamento cavalheiresco e a dar um triste espetáculo ao País.
Nesta hora em que se tecem argumentos para decidir quem vai ocupar a presidência do COP durante os próximos quatro anos, aqueles que estão em competição devem considerar que o COP tem de primar por ser o "templo da competição" nobre e leal que deve servir de exemplo ao País. Infelizmente, não o foi no passado recente. Não importa porque, agora, o importante é que possa voltar a sê-lo.
Seja a competição processada nos terrenos de jogo, seja ela processada na disputa de argumentos que acontece num processo eleitoral, enquanto lutas pacíficas e corteses que devem ser, devem também decorrer no espírito nobre e cavalheiresco com que Pierre de Coubertin institui o Comité Olímpico Internacional. Mas atenção, porque Coubertin alertava para os cuidados que se deviam ter. Dizia ele: "a imperfeição humana tende sempre a transformar o atleta olímpico num gladiador do circo".
Assim sendo, na defesa do Espírito Olímpico, os candidatos à liderança do COP têm por obrigação demonstrar ao País que, independentemente de quem venha a vencer, o COP vai voltar a ser o templo dos valores mais sagrados de uma ética de competição que deve prevalecer nas disputas entre os portugueses. Do desporto à economia e à política.