Resumo

O presente trabalho teve por objetivo estabelecer uma correlação entre a metodologia empregada no desporto competitivo infanto-juvenil, e a participação de crianças e adolescentes em competições desportivas, com possíveis transgressões ao Estatuto da Criança e do Adolescente (Lei nº 8069/90). Para tanto, foram investigados fatores como a adesão à modalidade, noções de direitos da criança e do adolescente, impressões sobre a família, sobre o técnico, além das impressões pessoais e de auto-estima, de atletas pertencentes às equipes de Atletismo e Natação da Fundação Municipal de Esportes de Joinville, em Santa Catarina. A amostra foi composta por 10 (dez) atletas, de ambos os sexos, de cada uma das modalidades, num total de 20 (vinte), que já estivessem competindo há, no mínimo, 2 (dois) anos. Aos atletas aplicou-se um questionário, especialmente elaborado para o propósito deste trabalho, e uma entrevista individual, tendo sido a coleta de dados complementada por meio de observação das atividades realizadas durante os treinamentos. Os dados coletados foram organizados através de processo de análise descritiva e de comparação dos índices percentuais decorrentes das freqüências das variáveis categóricas, por envolverem variáveis qualitativas, e posteriormente confrontados com a legislação em questão. Concluiu-se, assim, que o desporto competitivo para crianças e adolescentes, da maneira como vem sendo conduzido, constitui-se numa forma de cerceamento aos seus direitos, muito embora não afronte diretamente os preceitos sociais. Sua função educativo-formativa é sublimada pela priorização do rendimento, deturpando seu real propósito de formação do indivíduo em equilíbrio consigo mesmo e com o meio. Somente a partir de uma definição do que consiste o esporte adequado à crianças e adolescentes, e do estabelecimento de limites e normas legais para seu funcionamento, será possível restituir e preservar a juventude como ela merece.

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