Esporte de Rendimento X Educação Física Escolar: Dá Jogo? O Problema
Por Jarbas Gomes Remonte (Autor).
Parte de Educação Física Escolar e Esporte de Alto Rendimento: Dá Jogo? . páginas 6
Resumo
Desde muitos anos tenho ouvido que é na escola que o atleta começa sua carreira. Pode até ser verdade para alguns. Lembro-me de um depoimento da Hortência, deusa de nosso basquetebol, em que ela dizia ter começado jogando handebol antes de aprender a “jumpear” como ninguém, agradecendo a uma sua professora de educação física por ter lhe mostrado um maravilhoso caminho. Entre meus colegas de colégio, tive um, conhecido como Miral, que chegou a jogar na seleção brasileira e ser campeão mundial do então futebol de salão. Eu mesmo cheguei a jogar handebol como federado em tempos de categoria juvenil, o máximo que consegui chegar perto do alto rendimento, e comecei a disputar meus primeiros lances na escola, ao contrário da Hortência, primeiro com o basquetebol. Não sei como ela subiu à condição de atleta de alta performance, mas eu e o Miral fomos atrás por nossa conta e risco, enfrentando processos seletivos variados e altamente subjetivos, que não levavam em consideração nossa pequena história esportiva escolar.
Hoje, professor em cursos de licenciatura e bacharelado em Educação física, vejo muitos alunos que optaram por essa formação para os quais, muitas vezes, não consigo encontrar um motivo determinante dessa opção que faça um certo sentido para mim. Quando indagados a respeito, ficam, em grande número, em silêncio. Quanto à educação física que viveram na educação básica, alguns se referem a jogos informais de futebol (é assim que se referem ao que poderia, grosseiramente, ser comparado ao futsal) ou voleibol. Raramente falam de handebol ou basquetebol. Quanto a outros conteúdos, como lutas, atletismo ou dança, a vivência, quando houve, quase invariavelmente foi fora da escola.
Referências
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