Resumo

Este trabalho traz como objeto de investigação a política de esporte do Distrito Federal, região na qual se localiza a cidade de Brasília, capital do Brasil, sede administrativa e política do governo federal. Apresenta-se como hipótese que, a despeito do esporte estar previsto na concepção de Brasília e das condições materiais favoráveis, a democratização do acesso à prática esportiva e sua materialização como direito de cidadania não se concretizam frente à hegemonia da pequena política neste setor. Diante deste pressuposto, adota-se como objetivo central analisar a estrutura organizacional e a gestão da política de esporte do Distrito Federal entre os anos de 1999 e 2019. O delineamento metodológico da pesquisa caracterizou-se por uma abordagem qualitativa de caráter exploratório, baseada na técnica de pesquisa documental de fontes primárias, com destaque para a busca pela legislação esportiva distrital. Foi possível identificar que a aparente tendência de continuidade da política de esporte distrital se circunscreve ao atendimento do fisiologismo político-partidário e dos interesses de garantia de governabilidade que perpassam a formação de coalizões multipartidárias e a relação entre Executivo e Legislativo locais. Neste cenário destaca-se a forte influência de segmentos do futebol profissional e religiosos na ocupação do órgão gestor do esporte. De outro lado, ações de setores da sociedade civil no sentido de implementar uma gestão democrática e uma perspectiva programática para a consolidação do esporte como objeto de uma política de Estado são negligenciadas. Conclui-se, portanto, que a hegemonia da pequena política compromete a materialização do esporte como direito de cidadania de reversão das iniquidades de acesso como consequência da acentuada desigualdade socioeconômica da região.

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