Resumo

O jovem que vive a situação de dupla carreira escolar e esportiva, deve obrigatoriamente frequentar a escola, estudar, realizar provas e trabalhos escolares e participar da vida escolar. Ao mesmo tempo, a carreira de formação esportiva exige treinamento regular diário, viagens, participações de competições e os cuidados necessários com o corpo e o estado psíquico do atleta. O estudo aqui apresentado, problematiza a relação constituída entre a escolarização formal e a formação profissional para o esporte de alto desempenho, vivida por jovens que optam em conciliar essa dupla carreira nessa fase da vida. O trabalho que apresentamos a seguir, busca entender como esses jovens conciliam ou conciliaram a carreira da escola e a carreira do esporte. Para tal, buscamos informações em duas frentes. Uma frente foi a dos alunos/atletas beneficiários do Programa Bolsa Atleta do Ministério do Esporte, categoria Estudantil. Outra fonte de dados para o entendimento da questão que pretendemos responder foram as biografias de atletas de alto nível, buscando ali também, o entendimento de como estes atletas conseguiram lidar com a carreira esportiva e a carreira escolar simultaneamente e de como a família contribuiu e influiu no desenvolvimento deste processo de dupla carreira. Quando pensamos a conciliação entre esporte e escola olhando a trajetória de atletas do nível dos biografados, todos campeões mundiais com um desempenho esportivo muito alto, percebemos que apesar das famílias valorizarem o aprendizado escolar, quando os resultados esportivos falam muito alto e deixam claro que aquela pessoa já tem uma vida profissional definida no esporte, os atletas não hesitam em parar de estudar para se dedicar especificamente a carreira esportiva. Na pesquisa produzida junto aos alunos/atletas beneficiados pelo Programa Bolsa-Atleta, a negociação entre jovem, escola e esporte acontecia de formas diferentes. Os mecanismos de flexibilização das normas regulares da escola apareciam discretamente. Em alguns casos, o clube, na figura do treinador, incentivava o comparecimento do atleta à escola e o cumprimento das tarefas escolares. O sucesso nos acordos de dupla carreira depende da boa vontade das partes envolvidas e assim percebemos a necessidade de um instrumento sistematizado, para que esses acordos deixem de acontecer a partir da boa vontade dos participantes, e sim de forma legal em todos os seus aspectos. Assim, concluindo este trabalho, entendemos ser importante apontar sugestões para avançarmos no atendimento às necessidades dos alunos/atletas envolvidos em situação de dupla carreira.

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