Resumo
Este trabalho foi proveniente das inquietações do seu autor, em relação às práticas cotidianas observadas nos diferentes espaços esportivos escolares, tais como: desqualificações, exclusões, intolerâncias, entre outras. Em primeiro lugar, realizou-se uma revisão referencial histórica e sociológica desvelando e compreendendo os principais acontecimentos que influenciaram o imaginário social do homem ocidental contemporâneo e que se refletiram e se refletem nas atitudes dos indivíduos envolvidos nos diferentes espaços esportivos escolares. Em segundo lugar, estruturou-se uma alternativa pedagógica que pudesse qualificar as ações educacionais nos diferentes espaços esportivos escolares: foi desenvolvido um modelo de Esporte-Educação, constituído de referenciais humanizantes e da experiência profissional do autor. Em terceiro lugar, aplicou-se, durante sessenta dias, este modelo de Esporte-Educação, com uma turma do quarto ano de um colégio particular, na cidade de Porto Alegre, RS, objetivando verificar se este modelo de Esporte-Educação seria capaz de qualificar as percepções de inclusão, integração e competência dos alunos. Foi realizada uma pesquisa com dados quantitativos e qualitativos. As análises dos instrumentos investigativos, nos diferentes espaços esportivos escolares, evidenciaram uma elevação positiva nas percepções de integração e de competência dos alunos, após a aplicação do modelo de Esporte-Educação, entretanto, em relação à dimensão inclusão, evidenciou-se uma variabilidade na eficácia do modelo; no recreio escolar evidenciou-se uma baixa na percepção de inclusão, no espaço esportivo da Educação Física evidenciou-se manutenção das percepções de inclusão anteriores, e no espaço esportivo extracurricular foi evidenciado um aumento significativo nas percepções positivas de inclusão dos alunos após a aplicação do modelo de Esporte-Educação. Possíveis respostas do autor para esta variabilidade basearam-se nos entraves provocados pelas significativas diferenças de princípios e ações pedagógicas aplicadas anteriormente e posteriormente ao modelo de Esporte-Educação, principalmente em relação ao espaço esportivo do recreio escolar, nos diferentes e complexos aspectos psicossociais inerentes a dimensão inclusão e na necessidade de um maior tempo de aplicabilidade do modelo de Esporte-Educação, como requisito necessário para uma alteração significativa na dimensão inclusão. Os dados quantitativos da pesquisa também possibilitaram a análise de dimensões extras, como participação, motivação e classificação da experiência, evidenciando-se que todas elas apresentaram aumento positivo significativo, após a aplicação do modelo. A conclusão da pesquisa reconhece que o modelo de Esporte-Educação apresentou-se, sim, como uma estratégia pedagógica eficiente para qualificar diferentes dimensões do desenvolvimento infantil, nos diferentes espaços esportivos escolares, entretanto, também reconheceu que não se trata de um modelo totalmente finalizado, ele necessita ainda da inserção de mais referenciais teóricos e de mais práticas educacionais, principalmente em relação à dimensão inclusão. Outro aspecto muito significativo elencado do processo conclusivo da pesquisa foram às percepções de comportamentos que os alunos expressaram e que puderam ser associadas a percepções positivas, negativas ou parciais nas diferentes dimensões analisadas durante a pesquisa e que podem se constituir em pressupostos teóricos e práticos para ações educacionais mais pedagógicas dos agentes desportivos envolvidos com o esporte escolar na infância